Morre em São Gonçalo do Amarante, aos 85 anos, Dona Militana, a maior romanceira do Brasil



Morreu há poucos instantes na sua casa, em São Gonçalo do Amarante, a romanceira Militana Salustino do Nascimento, mis conhecida como “Dona Militana”.

Dona Militana era considerada a maior romanceira do Brasil e tinha 85 anos.

Ela nasceu no sítio Oiteiros, na comunidade de Santo Antônio dos Barreiros, em 19 de março de 1925.

O dom do canto ela herdou do pai, Atanásio Salustino do Nascimento, uma figura folclórica de São Gonçalo.
Dona Militana gravou na memória os cantos executados pelo pai. São romances originários de uma cultura medieval e ibérica, que narram os feitos de bravos guerreiros e contam histórias de reis, princesas, duques e duquesas. Além de romances, Militana cantava modinhas, coco, xácaras, moirão, toadas de boi, aboios e fandangos.

Ao descobrir a preciosidade dos cantos de Dona Militana, na década de 90, o folclorista Deífilo Gurgel deu uma grande contribuição à cultura brasileira e permitiu que o país inteiro conhecesse o talento da filha da cidade de São Gonçalo do Amarante.

A romanceira chegou a gravar um CD triplo intitulado “Cantares”, lançado em São Paulo e Rio de Janeiro. Críticos e jornalistas de grandes jornais brasileiros se renderam aos encantos e a peculiaridade da voz de Dona Militana.
Em setembro de 2005 aconteceu o momento mágico quando ela recebeu das mãos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Comenda Máxima da Cultura Popular, em Brasília.

Mas o reconhecimento financeiro para esta festejada romanceira só veio em 2009 com o Projeto de Lei Complementar encaminhado pelo prefeito de São Gonçalo, Jaime Calado, e aprovado pela Câmara Municipal, concedendo uma pensão vitalícia para Dona Militana.
“Lá nos Barreiros onde eu nasci,
Em São Gonçalo onde eu me criei,
Eu vou voltar pra meu sítio Oiteiro,
Adeus Rio de Janeiro, adeus”.
(versos cantados por Dona Militana numa apresentação no Teatro João Caetano, Rio de Janeiro, durante participação especial no espetáculo "Lunário Perpétuo", ao lado do brincante pernambucano Antônio Nóbrega).

A morte de Dona Militana deixa enlutada a cultura potiguar, embora a maior romanceira do Brasil não tenha recebido dos órgãos culturais do Estado a atenção e o respeito que o seu talento merecia. 



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