Marina,... vocĂȘ se pintou?
MaurĂcio Abdalla [1]
Marina, morena Marina, vocĂȘ se pintou diz a canção de Caymmi. Mas Ă© provĂĄvel, Marina, que pintaram vocĂȘ. Era a candidata ideal: mulher, militante, ecolĂłgica e socialmente comprometida com o grito da Terra e o grito dos pobres, como diz Leonardo.
Dizem que escolheu o partido errado. Pode ser. Mas, por outro lado, o que é certo neste confuso tempo de partidos gelatinosos, de alianças surreais e de pragmatismo hiperbólico? Quem pode atirar a primeira pedra no que diz respeito a escolhas partidårias?
Mas ainda assim, Marina, sua candidatura estava fadada a nĂŁo decolar. NĂŁo pela causa que defende, nĂŁo pela grandeza de sua figura. Mas pelo fato de que as verdadeiras causas que afetam a população do Brasil nĂŁo interessam aos financiadores de campanha, Ă s elites e aos seus meios de comunicação. A batalha nĂŁo era para ser sua. Era de Dilma contra Serra. Do governo Lula contra o governo do PSDB/DEM. Assim decidiram as famiglias que controlam a informação no paĂs. E elas nĂŁo sĂł decidiram quem iria duelar, mas tambĂ©m quiseram definir o vencedor. O EstadĂŁo dixit: Serra deve ser eleito.
Mas a estratĂ©gia de reconduzir ao poder a velha aliança PSDB/DEM estava fazendo ĂĄgua. O povo insistia em confirmar nĂŁo a sua preferĂȘncia por Dilma, mas seu apreço pelo Lula. O que, Ă© claro, se revertia em intenção de voto em sua candidata. Mas os filhos das trevas sĂŁo mais espertos do que os filhos da luz. Sacaram da manga um ĂĄs escondido. Usar a Marina como trampolim para levar o tucano para o segundo turno e ganhar tempo para a guerra suja.
Marina, vocĂȘ, cujo coração Ă© vermelho e verde, foi pintada de azul. Azul tucano. Deram-lhe o espaço que sua causa nunca teve, que sua luta junto aos seringueiros e contra as elites rurais jamais alcançaria nos grandes meios de comunicação. A Globo nunca esteve ao seu lado. A Veja, a FSP, o EstadĂŁo jamais se preocuparam com a ecologia profunda. Eles sempre foram, e ainda sĂŁo, seus e nossos inimigos viscerais.
Mas a estratĂ©gia deu certo. Serra foi para o segundo turno, e a mĂdia nĂŁo cansa de propagar a vitĂłria da Marina. NĂŁo aceite esse presente de grego. HĂŁo de descartĂĄ-la assim que vocĂȘ falar qual Ă© exatamente a sua luta e contra quem ela se dirige.
Marina, vocĂȘ faça tudo, mas faça o favor: nĂŁo deixe que a pintem de azul tucano. Sua histĂłria nĂŁo permite isso. E nĂŁo deixe que seus eleitores se iludam acreditando que vocĂȘ estĂĄ mais perto de Serra do que de Dilma. Que nĂŁo pensem que sua luta pode tornĂĄ-la neutra ou que pensem que para vocĂȘ tanto faz. Que os percalços e dificuldades que vocĂȘ teve no Governo Lula n� �o a façam esquecer os 8 anos de FHC e os 500 anos de domĂnio absoluto da Casagrande no paĂs cuja maioria vive na senzala. NĂŁo deixe que pintem esse rosto que o povo gosta, que gosta e Ă© sĂł dele.
Dilma, admitamos, nĂŁo Ă© a candidata de nossos sonhos. Mas Serra o Ă© de nossos mais terrĂveis pesadelos. Ajude-nos a enfrentĂĄ-lo. VocĂȘ nĂŁo precisa dos paparicos da elite brasileira e de seus meios de comunicação. Marina, vocĂȘ jĂĄ Ă© bonita com o que Deus lhe deu.
Dizem que escolheu o partido errado. Pode ser. Mas, por outro lado, o que é certo neste confuso tempo de partidos gelatinosos, de alianças surreais e de pragmatismo hiperbólico? Quem pode atirar a primeira pedra no que diz respeito a escolhas partidårias?
Mas ainda assim, Marina, sua candidatura estava fadada a nĂŁo decolar. NĂŁo pela causa que defende, nĂŁo pela grandeza de sua figura. Mas pelo fato de que as verdadeiras causas que afetam a população do Brasil nĂŁo interessam aos financiadores de campanha, Ă s elites e aos seus meios de comunicação. A batalha nĂŁo era para ser sua. Era de Dilma contra Serra. Do governo Lula contra o governo do PSDB/DEM. Assim decidiram as famiglias que controlam a informação no paĂs. E elas nĂŁo sĂł decidiram quem iria duelar, mas tambĂ©m quiseram definir o vencedor. O EstadĂŁo dixit: Serra deve ser eleito.
Mas a estratĂ©gia de reconduzir ao poder a velha aliança PSDB/DEM estava fazendo ĂĄgua. O povo insistia em confirmar nĂŁo a sua preferĂȘncia por Dilma, mas seu apreço pelo Lula. O que, Ă© claro, se revertia em intenção de voto em sua candidata. Mas os filhos das trevas sĂŁo mais espertos do que os filhos da luz. Sacaram da manga um ĂĄs escondido. Usar a Marina como trampolim para levar o tucano para o segundo turno e ganhar tempo para a guerra suja.
Marina, vocĂȘ, cujo coração Ă© vermelho e verde, foi pintada de azul. Azul tucano. Deram-lhe o espaço que sua causa nunca teve, que sua luta junto aos seringueiros e contra as elites rurais jamais alcançaria nos grandes meios de comunicação. A Globo nunca esteve ao seu lado. A Veja, a FSP, o EstadĂŁo jamais se preocuparam com a ecologia profunda. Eles sempre foram, e ainda sĂŁo, seus e nossos inimigos viscerais.
Mas a estratĂ©gia deu certo. Serra foi para o segundo turno, e a mĂdia nĂŁo cansa de propagar a vitĂłria da Marina. NĂŁo aceite esse presente de grego. HĂŁo de descartĂĄ-la assim que vocĂȘ falar qual Ă© exatamente a sua luta e contra quem ela se dirige.
Marina, vocĂȘ faça tudo, mas faça o favor: nĂŁo deixe que a pintem de azul tucano. Sua histĂłria nĂŁo permite isso. E nĂŁo deixe que seus eleitores se iludam acreditando que vocĂȘ estĂĄ mais perto de Serra do que de Dilma. Que nĂŁo pensem que sua luta pode tornĂĄ-la neutra ou que pensem que para vocĂȘ tanto faz. Que os percalços e dificuldades que vocĂȘ teve no Governo Lula n� �o a façam esquecer os 8 anos de FHC e os 500 anos de domĂnio absoluto da Casagrande no paĂs cuja maioria vive na senzala. NĂŁo deixe que pintem esse rosto que o povo gosta, que gosta e Ă© sĂł dele.
Dilma, admitamos, nĂŁo Ă© a candidata de nossos sonhos. Mas Serra o Ă© de nossos mais terrĂveis pesadelos. Ajude-nos a enfrentĂĄ-lo. VocĂȘ nĂŁo precisa dos paparicos da elite brasileira e de seus meios de comunicação. Marina, vocĂȘ jĂĄ Ă© bonita com o que Deus lhe deu.
Professor de filosofia da UFES, autor de Iara e a Arca da Filosofia (Mercuryo Jovem), dentre outros.
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