Foto copiada do Blog Fatita Pereira
Do 247:
Ironicamente, no momento em que veículos de comunicação elaboravam um
discurso sobre as tentativas do PT de amordaçar e calar a imprensa, a
partir do caso Yoani, quem se nega a responder uma pergunta pertinente
de um jornalista, o repórter Felipe Recondo, é justamente o personagem
mais cultuado pelos meios de comunicação nos últimos anos: o ministro
Joaquim Barbosa; agredido, Estadão se acovarda e, na edição desta
quarta-feira, não pública um mísero editorial a respeito; a questão é:
Recondo prosseguirá nas suas apurações sobre Barbosa, em que “chafurdava
no lixo” do STF, ou será amordaçado?
247 - Trazida pelo jornal Estado de S. Paulo ao
Brasil, a blogueira Yoani Sánchez alimentou um discurso que começava a
se cristalizar no País: o de que Partido dos Trabalhadores, há dez anos
no poder, começava a incitar atos de violência contra jornalistas ou
contra a chamada imprensa livre no Brasil. O ponto de partida foi uma
reportagem de Veja, em que um funcionário da Secretaria-Geral da
Presidência, Ricardo Poppi, subordinado ao ministro Gilberto Carvalho,
foi acusado de participar de uma reunião na embaixada de Cuba, em
Brasília, onde teria sido organizado o “plano de ataque” contra Yoani.
Esse suposto plano deu vazão a diversos editoriais em jornais,
incluindo o próprio Estado, sobre a “intolerância” do PT e sua tentativa
de censurar a imprensa – discurso que foi reforçado com a intenção do
partido de apresentar uma Lei de Meios, para desconcentrar a propriedade
e democratizar a comunicação no Brasil. Blogueiros de corte mais
radical, como o “neocon” Reinaldo Azevedo, passaram a disseminar a tese
de que, num futuro breve, jornalistas brasileiros serão agredidos por
milícias petistas. E Merval Pereira, do Globo, relatou ter vivido seu
“momento Yoani”, depois de ser xingado e ter seu carro cercado no Rio de
Janeiro (leia mais em “A violência é a mais nova esperança da oposição”).
Parecia tudo pronto para o dia em que um representante da chamada
“imprensa livre” seria espancado por “fascistóides petistas”. De
repente, vem a surpresa: quem resolve agredir um jornalista é justamente
o personagem mais cultuado pela imprensa na história recente: o
ministro do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, que, nos últimos
anos, deu várias demonstrações de que comete agressões em série,
inclusive contra os próprios colegas (leia mais aqui).
Barbosa agrediu Felipe Recondo, repórter que cobre o Poder Judiciário
com grande competência, porque não queria responder a uma questão
absolutamente pertinente: como ele encara uma nota assinada por três
associações de juízes, que criticam seu comportamento “superficial”,
“preconceituoso” e, sobretudo, “desrespeitoso”. Barbosa foi alvo de
críticas porque, numa entrevista, declarou que os juízes no Brasil têm
mentalidade pró-impunidade – seriam, portanto, cúmplices do crime.
Até agora, Barbosa já emitiu uma nota pedindo desculpas de forma
generalista à imprensa, mas a pergunta continua no ar, sem resposta.
Procurada por nossa reportagem, a assessoria de imprensa do Supremo
Tribunal Federal não respondeu ao 247 o questionamento que seria feito
por Recondo. Como, afinal, o ministro recebe as críticas feitas por três
associações de magistrados?
O mais espantoso do episódio é a reação tíbia e covarde do Estado de
S. Paulo. Na edição desta quarta-feira, não há um mísero editorial sobre
a agressão cometida por Joaquim Barbosa a seu profissional. O diretor
de Redação, Ricardo Gandour, disse que não comentaria o caso. O único
que falou foi o jornalista João Bosco Rabello, que comanda a sucursal do
Estadão em Brasília, em razão da boa relação que mantém com Marco
Damiani, diretor de redação do 247 (leia mais aqui).
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