Movimento #RevoltadoBusão foi da passarela da BR até o shopping Midway Mall (Foto: Felipe Gibson/G1)
Foram cerca de quatro horas em que se intercalaram momentos de tranquilidade e de tensão nesta quarta-feira (15) em Natal,
que virou novamente cenário da guerra durante os protestos contra o
aumento da passagem de ônibus. No meio do tumulto, policiais militares e
integrantes do movimento #RevoltadoBusão. Foram balas de borracha
disparadas, bombas de gás lacrimogênio atiradas, sprey de pimenta
borrifado, pedras atiradas, além de pessoas feridas e presas. O
acontecimento tem duas versões diferentes, do movimento e da polícia.
O
movimento intitulado #RevoltadoBusão iniciou o protesto contra o
aumento da passagem de ônibus por volta das 17h na passarela da BR-101,
na altura do bairro de Candelária, zona Sul, e partiu em direção ao
shopping Midway Mall, no bairro Tirol, zona Leste. Até lá a
tranquilidade imperou. Quando voltava para o ponto de saída, na
intersecção entre a avenida Salgado Filho e a BR-101, manifestantes e
policiais militares se confrontaram. Os relatos mostram um cenário de
guerra por volta das 19h15.
Estudande de História foi atingido por disparo de
bala de borracha na perna (Foto: Felipe Gibson/G1)
A
cena se repetiu mais a frente, entre as 20h e 21h, quando o grupo
chegou à passarela da BR-101, mesmo local de onde saiu o movimento.
Novos disparos de bala de borracha foram efetuados pelo Pelotão de
Choque da Polícia Militar. Com escudos, os policiais avançaram pela
BR-101, como mostram os vídeos feitos pelo G1 na rodovia federal e por um cinegrafista amador no primeiro confronto De
um lado, os integrantes do movimento acusam a PM de iniciar o tumulto.
"Ficou claro que naquele momento o objetivo da operação era nos
espancar", relata o estudante de História João Carlos de Melo Silva, 19
anos, atingido por uma bala de borracha na panturrilha. Já Glícia Alves,
20 anos, estudante de Psicologia. "De repente o pessoal recuou, eu
abaixei e quando levantei meus olhos ardiam. Um amigo me deu a mão e saí
desnorteada. Foi tudo muito rápido", conta. Os estudantes disseram que
os próprios integrantes socorreram os feridos.
Manifestantes se concentraram na frente
do shopping Midway Mall (Foto: Felipe Gibson/G1)
Clima pacífico no começo
Entre as 17h e 19h30, o protesto ocorreu em clima de tranquilidade. Após um pequeno tumulto inicial, no qual duas pessoas foram detidas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), os manifestantes seguiram pela BR-101 sem problemas. A PRF acompanhou o movimento até o início da avenida Senador Salgado Filho, onde a jurisdição passou para a Polícia Militar. A PM manteve uma equipe monitorando os manifestantes de perto, outra atrás cerca de 30 metros e uma última, da Rocam, guiando os veículos.
A
intenção é sempre o protesto pacífico. O objetivo é mostrar que R$ 2,40
não condiz com a realidade do transporte público da cidade. Estaremos
na luta e não iremos parar mesmo com o medo que querem nos impor",
explicou a coordenadora geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE),
Daniele Guedes. Além das vias nas quais ocorreu o protesto, o trânsito
também ficou engarrafado em avenidas transversais e no entorno. Os
manifestantes seguiram até o Midway Mall gritando cantos como "Uh é
roletaço" e "Mãos ao alto, esse aumento é um assalto".
Já no shopping, o grupo se concentrou e continou com os gritos. Durante esse tempo, a reportagem do G1 ouviu três bombas serem lançadas no chão por um grupo separado da concentração do movimento, na altura do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFRN). A PM recolheu alguns objetos por precaução, incluindo uma pedra que teria sido atirada em um veículo. "São bastões, uma chave de fenda, uma corda e a pedra. Estamos aqui apenas mantendo a ordem", detalhava o tenente Bruno Oliveira, antes dos confrontos. |
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