Presidente do PT: “Qualquer adversário contra Henrique Alves é fortíssimo”
Juliano Siqueira critica ação do PMDB em Brasília: "Ingerências do PMDB no PT nacional não vão determinar política do RN. Essa provocação de Garibaldi para nós não tem nenhuma importância”
Alex Viana
Repórter de Política
O presidente do PT em Natal, Juliano Siqueira, disse hoje que as
ingerências do PMDB do Rio Grande do Norte junto à cúpula nacional do
Partido dos Trabalhadores não irão “determinar a política no RN”. A
declaração do petista se deve ao fato de que, nos bastidores, informa-se
que o PMDB ainda não abriu mão da participação do PT no palanque
multipartidário que está sendo construído no Estado, com participação de
legendas que não apoiam a reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT).
Nesta segunda-feira, o ministro da Previdência, Garibaldi Filho
(PMDB), além de afirmar que a aliança do PMDB com o PSB da
ex-governadora Wilma de Faria, apoiadora de Eduardo Campos (PSB) no
Estado, “está avançando”, não descartou aliança com o PT, que negocia
com a legenda do vice-governador Robinson Faria (PSD) uma aliança
política adversária. O ministro da Previdência disse que não abria mão
da parceria com o PT “porque não foi concluído o entendimento ainda” com
o partido.
“Garibaldi fica insinuando que podem surgir novidades de Brasília,
para nos tornar reféns e enquadrar o PT. Eles dizem que eles vão ter um
encontro com Lula na quinta-feira. Mas o Lula discute com todo mundo.
Foi até na casa do Maluf. E isso não tem problema nenhum. Agora, que
isso vai determinar a política no RN, tenho certeza que não vai sair
nenhum decreto dessa conversa, estabelecendo que nós vamos subir no
mesmo palanque com PSDB e com DEM”, disse Siqueira, se referindo ao fato
de que esses partidos, que são adversários do PT em nível nacional,
estarão reunidos no palanque do PMDB n o RN, juntamente com o PPS e o
PSB.
O dirigente do PT afirma que o PMDB deixou claro, na reunião que teve
com o PT em janeiro, que o projeto peemedebista envolve uma aliança com
legendas adversárias do PT, o que é inconcebível. “A gente conversou
aproximadamente três horas com Garibaldi e Henrique. O projeto deles
envolve três partidos, o PSDB, o DEM e o PPS, que são oposição histérica
ao governo Dilma. Então, não há nenhuma possibilidade de discutir com
esses partidos. Eles estão pensando em um palanque três cabeças, onde
tem gente que defende Aécio Neves, que defende Eduardo Campos, e eles
próprios, por terem o vice do PMDB, defendem Dilma”.
Diante deste cenário, o PT abriu conversas com o PSD, do
vice-governador Robinson Faria, pré-candidato a governador do Estado.
“Nesse instante, o partido com o qual temos conversas mais avançadas,
até porque tem candidatura definida, é o PSD. Nosso palanque tem que
seguir a orientação nacional, e tem que ser um palanque nítido e
coerente, com partidos de apoio à presidente Dilma Rousseff”, afirmou
Siqueira, informando que, para contar com o aval do PT nacional, a chapa
Robinson para o governo, deputada federal Fátima Bezerra (PT) para o
Senado, deverá ampliar o palanque. “A grande exigência que o partido faz
é buscar a ampliação. Claro que ficar apenas com o PSD e o próprio
Robinson não é o ideal. O ideal é ampliar as conversas com o PC do B, o
PDT e tantos outros, como PHS, PTC, PSDC. No mínimo, uma dezena de
partidos com os quais já estamos estabelecendo contato para marcar
discussões”, enumerou.
EXCLUSÃO
Juliano Siqueira considerou sem importância a declaração do ministro
da Previdência, quando afirmou que ainda aguarda definições nacionais.
Para ele, o quadro atual se desenvolveu depois que o PT foi excluído
pelo PMDB da chapa majoritária. “Essa provocação do ministro Garibaldi,
que disse que ainda aguarda definições nacionais com o PT, para nós não
tem nenhuma importância política nem imediata, nem em médio prazo nem em
longo prazo. Eles (os líderes do PMDB no RN) são jogadores habilidosos,
estão há 60 anos no poder. Há seis meses, eles declaram que a chapa já
estava feita, com o PMDB para o governo e o PT para Senado, depois
voltaram atrás. Eles excluíram a gente da chapa majoritária. Depois
querem estabelecer a política de bater pênalti sem goleiro, qualquer
adversário contra Henrique é fortíssimo adversário”, afirmou.
Para o presidente do PT, as manifestações que da direção nacional do
PT são no sentido de concretização da aliança com o PSD. “As orientações
que temos concreta de companheiros da bancada nacional, com o deputado
Vicentinho, que esteve aqui, e de Ruy Falcão, presidente nacional do PT,
é que nos aproximemos do PSD, e tentemos ampliar essa frente. Isso por
uma questão de reciprocidade. O presidente nacional do PSD, Gilberto
Kassab, apoiou a candidatura de Dilma em troca de nada, não pediu
ministério. Além disso, tem uma grande vantagem, que é o triplo do tempo
de TV que tem o DEM”.
“Palanque de Dilma Rousseff no RN é onde vai estar o PT”
O presidente do PT, Juliano Siqueira, disse que o palanque da
presidente Dilma Rousseff no Rio Grande do Norte será o palanque onde
estiver o Partido dos Trabalhadores no Estado. “O PSD é um apoio
importante para a reeleição de Dilma. A gente quer montar no RN um forte
palanque para Dilma Rousseff. Quanto a haver mais de um palanque, nós
já temos experiência nesse campo na eleição de 2010. O PMDB estava
dividido, com Garibaldi apoiando Rosalba, e Henrique apoiando Iberê.
Lula e Dilma vieram para o palanque de Iberê, que era o palanque que nós
apoiávamos. Não foi para o palanque onde estava Garibaldi, mesmo ele
sendo do PMDB. O palanque de Dilma Rousseff no RN é o palanque onde vai
estar o PT”, afirma.
Segundo Siqueira, o PMDB está em palanque diferente do PT em vários
estados, como RS, RJ, SP, MG, BH e BA, o que não será impedimento para
Dilma ir a esses estados. “Ela virá para o palanque que nós montarmos,
porque não cria problemas. O PMDB tem vice na chapa majoritária de
Dilma, mas estão saindo com candidaturas e coligações esquizofrênicas
nos estados, com partidos contrários ao nosso. Isso não vai ser
impedimento de Dilma ir a esses estados, porque senão ela não irá fazer
campanha em nenhum estado”, observou.
Siqueira acrescenta que a “união de forças para salvar o Estado”,
segundo a fala de Garibaldi, Henrique e Wilma, traduz-se como “a união
das oligarquias para não perder o poder, com eles há 60 anos”. “Henrique
só aceita ser candidato se for para vencer por W.O. Nós conversamos com
o PMDB e Garibaldi disse que a maioria do PMDB não apoia nossa
candidata ao Senado. Ora, se eles não apoiam a nossa candidata, por que
nós devemos apoiar? E logo com quem? Com apoio do DEM, do PSDB, do PPS, e
para reeleger o filho de José Agripino?”.
Para o petista, “todos são responsáveis por esse desastre
político-administrativo”. Ele encerra afirmando que “o que o PMDB quis
fazer foi isolar o PT, e falhou. Henrique quis mostrar que era o único
representante de Dilma no RN. Duas inverdades, nem isolou o PT, nem
representa Dilma. Na reunião com Vicentinho, Henrique não foi nem
convidado. Nem seria bem vindo. Quando Vicentinho veio, não deu as
caras. Nem fez falta. Nem ele nem o PSB”.
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