O
Ministério Público Federal (MPF) em Pau dos Ferros ingressou com uma
denúncia e uma ação civil pública por improbidade administrativa contra a
gestora afastada do Bolsa Família em Frutuoso Gomes, Ivonete Cavalcante
da Silva, e mais cinco envolvidas em fraudes ao programa. Elas todas
poderão responder por estelionato e Ivonete Cavalcanti ainda por
prevaricação e inserção de dados falsos no Cadastro Único para Programas
Sociais – CadÚnico.
Denúncias feitas ao MPF, em junho de 2013, apontavam que diversas
irregularidades estavam sendo cometidas na gestão do Bolsa Família em
Frutuoso Gomes. O programa estaria sendo gerido de forma parcial, com o
objetivo de prejudicar pessoas com as quais a gestora não simpatizava,
além de haver indícios de inclusão de dados falsos em diversos
cadastros. Junto às denúncias, foi entregue um abaixo-assinado subscrito
por 57 moradores da cidade.
Ouvidos pelo MPF, alguns desses moradores acusaram Ivonete Cavalcante de preencher os dados de cadastro de algumas famílias, mas não efetuar o lançamento no sistema. Isso impedia a renovação, resultando no bloqueio dos benefícios. De acordo com as declarações, a gestora afirmava que “o sistema estava fora do ar”. Em um dos casos, a bolsa só voltou a ser recebida após a cidadã enviar a documentação diretamente ao Ministério do Desenvolvimento Social, em Brasília.
“Após a colheita das provas e no decorrer da instrução do Inquérito Civil (...), constatou-se que Ivonete Cavalcante da Silva estava intimidando as pessoas que noticiaram as irregularidades a este Órgão Ministerial”, aponta a denúncia e a ação do MPF, ambas de autoria do procurador da República Tiago Misael de Jesus Martins. A intimidação consistia principalmente em ameaças de perda do benefício.
Diante dos indícios de irregularidades e da interferência de Ivonete Cavalcante durante a instrução do Inquérito Civil, o MPF ajuizou Ação Cautelar Cível (0000307-29.2013.4.05.8404) que resultou em uma liminar, concedida no último mês de outubro, determinando o afastamento da gestora por 180 dias de “seu cargo/função de gestora do Programa Bolsa Família ou de qualquer outro cargo ou função que ela desempenhe no Município de Frutuoso Gomes”.
As demais denunciadas por estelionato foram Maria da Luz de Andrade; Maria Alteice de Oliveira; Márcia Bezerra da Silva; Maria Verônica Carlos; e Maria Elineuza de Queiroz. As cinco reconheceram, em depoimento, terem incluído dados falsos em seus cadastros para não perderem os benefícios. Elas declararam não ter emprego, carteira assinada ou não possuírem renda certa, embora quatro fossem funcionárias contratadas da Prefeitura de Frutuoso Gomes e Márcia Bezerra bolsista do Peti no Município.
O MPF, no entanto, apresentou uma Proposta de Suspensão Condicional do Processo, pelo prazo de dois anos, em favor dessas cinco. Para suspender o trâmite, no entanto, elas terão de devolver os valores recebidos indevidamente e ficarão proibidas de frequentar bares e festas, ou de se ausentar da comarca onde residem, por mais de 15 dias, sem autorização judicial; além de terem de comparecer à 12ª Vara Federal mensalmente e prestar serviços à comunidade durante três meses.
Notícias do RN/Blog a Tromba
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