Foi a partir da coluna de Mônica Bergamo, na Folha, que dá o pontapé
inicial num noticiário extremamente pesado. O da propriedade do avião
que vitimou Eduardo Campos. Não vou fazer juízo de valor, apenas
republicar o que a Bergamo divulgou, de manhã.
Um grupo de empresários de Pernambuco deve divulgar uma nota ainda
nesta quinta assumindo que estava comprando a aeronave em que o
presidenciável Eduardo Campos viajava.
Desde o acidente, na semana passada, em Santos, o nome do operador do
avião está envolto em mistério. A Anac (Agência Nacional de Aviação
Civil) abriu investigação para descobrir o verdadeiro dono da aeronave.
O avião, de prefixo PR-AFA, está em nome Cessna Finance Export
Corporation, mas era operado pelo grupo Andrade, do setor
sucroalcooleiro em Ribeirão Preto (SP). Ele foi colocado à venda por
cerca de US$ 7 milhões.
Um empresário pernambucano, João Carlos Pessoa de Melo, procurou a
corretora que representava a Andrade, em maio, e assinou compromisso de
compra do avião.
Ao mesmo tempo, uma outra empresa, a Bandeirantes Companhia de Pneus,
assumiu o leasing frente à Cessna. Oito prestações já teriam sido pagas
pelo grupo de empresários. O valor seria abatido no final da operação
de compra e venda.
O grupo pernambucano não quis falar com a Folha. O advogado Ricardo
Tepedino, da Andrade, confirma as informações. E diz que elas já foram
encaminhadas à Anac.
A Folha, porém, já foi adiante e em reportagem de Mauro César
Carvalho levanta a suspeita: "O avião pertencia ao grupo Andrade, dono
de usinas de açúcar na região de Ribeirão Preto, que está em recuperação
judicial, e só poderia ser vendido com autorização judicial"
Daí em diante , o caso vira um embrulho onde se suspeita de uma operação fictícia, destinada a fraudar credores da Andrade.
Mas também na ponta "compradora", os personagens são nebulosíssimos.
Mas também na ponta "compradora", os personagens são nebulosíssimos.
"O avião Cessna foi vendido a João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho e
Apolo Santana Vieira, ambos de Pernambuco, segundo documento do grupo
Andrade enviado à Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e revelado
pela coluna Mônica Bergamo, da Folha. Mello Filho é usineiro e era amigo
de Campos, segundo a Folha apurou."
João Paulo Lyra Pessoa de Mello (ou seu filho, como a matéria induz a
crer) era um personagem metido em problemas por convênios com o
Ministério da Ciência e Tecnologia, que foi ocupado por Eduardo Campos
e, depois, por seus indicados do PSB. Foi com um indicado de campos,
Sérgio Resende, que uma ONG ligada a ele firmou dezenas de convênios,
segundo o Estadão.
Da mesma forma, um João Paulo Lyra Pessoa de Mello e seu irmão
Eduardo, usineiros em Pernambuco, foram condenados em 2011 por
assassinar um rapaz, Alexandre dos Santos Correia, numa boate do Recife,
crime ocorrido em 1999. Não sei se foram inocentados em segunda
instância, após o Tribunal do Júri lhes dar penas de 14 e 15 anos.
Exceto se for o caso de homonímia, o que desde já deixo ressalvado, apesar de incrível, a coisa vai dar panos para manga.
O outro comprador do avião, Apolo Santana Vieira já foi denunciado pelo Ministério Público Federal por fraude na importação de pneus chineses em Pernambuco.
O outro comprador do avião, Apolo Santana Vieira já foi denunciado pelo Ministério Público Federal por fraude na importação de pneus chineses em Pernambuco.
Ramo em que opera também a tal Bandeirantes que teria feito o leasing
do avião. A Bandeirantes tem capital registrado de R$ 2 milhões,
incompatível com a compra de um jato de US$ 7 milhões.
O caso é tão escabroso que tem cara de ter brotado, como o caso
Lunus, de algum "saco de maldades". Portanto, é preciso muito cuidado
para não acusar quem não pode se defender ou dar explicações.
Mas é também impossível que um acidente com tamanha repercussão não
vá ser investigado também no que diz respeito aos donos do avião.
Até porque, dias atrás, a Folha publicou que a própria vítima havia
aprovado a operação de compra do avião. Esperemos para ver aonde vai a
apuração da Folha. Peço que, nos comentários, ninguém se precipite ou
acuse sem provas.
O melhor, nestas horas, é esperar a verdade sem histeria, com respeito, mas também sem encobrimentos.
O texto de Fernando Brito do blog Tijolaço .
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