A Comissão Nacional da Verdade (CNV) entregará hoje, durante cerimônia no Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, em Brasília, o relatório final sobre os crimes cometidos durante a ditadura militar no Brasil. Segundo o advogado e membro representante municipal da Comissão, Wellington Barreto, dentre as cidades do mesmo porte, Mossoró foi uma das que tiveram maior atuação repressora de membros do regime militar.
“Mossoró chamou a atenção do regime militar devido à presença de muitos sindicatos fortes que alcançaram destaque nacional na época, como o Sindicato dos Ferroviários e o Sindicato dos Construtores Civis. Ao todo, foram mais de 20 companheiros presos e torturados na cidade”, afirma Wellington Barreto.
A Comissão da Memória e da Verdade Anatália de Souza Melo Alves realizou trabalho de levantamento de provas documentais, análise de reportagens antigas e coleta de depoimentos de testemunhas do regime militar em Mossoró. Em junho deste ano, a comissão apresentou relatório mostrando que membros do Sindicato dos Ferroviários, Sindicato da Construção Civil, Sindicato da Lavoura, Sindicato do Sal e Sindicato dos Bancários, além do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e do Movimento Democrático Brasileiro (MDB) sofreram perseguição pelo regime militar na cidade.
Dentre as lideranças que se opunham à ditadura na cidade e que se tornaram alvo de crimes, Wellington Barreto aponta o ex-suplente de deputado estadual no RN e presidente do Sindicato dos Ferroviários em Mossoró, Cesário Clementino, preso e torturado por integrantes do regime ditatorial que comandou o país por 21 anos. Entretanto, além de torturas, prisões e assassinatos, o regime militar foi ainda responsável pela cassação ilegal de políticos eleitos de forma democrática.
“Há ainda casos de políticos que tiveram seus mandatos cassados pela ditadura, como Vicente Lopes, eleito presidente da Câmara de Vereadores de Mossoró. Na época, também foram cometidos crimes como ameaças, demissões, mortes, torturas e censura à imprensa. Um tempo sombrio”, disse o advogado.
Outra vítima potiguar da ditadura militar foi Anatália de Melo Alves, presa e levada para o Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI) de Pernambuco, onde sofreu torturas físicas e psicológicas, indo a óbito no dia 22 de janeiro de 1972.
Membro da Comissão da Verdade repudia protestos em prol do retorno do regime militar
O
regime de exceção que comandou o país por 21 anos ainda é objeto de
estudo e atualmente não se sabe ao todo quantas pessoas foram mortas e
torturadas. Até hoje há muitos “desaparecidos” políticos do período do
regime. Contudo, nos últimos meses tem chamado a atenção eventos pedindo
o retorno dos militares ao poder, possibilidade repudiada por aqueles
que viveram e estudam o período e ainda pelos militares.
“Só tenho uma coisa a dizer, aqueles que hoje, em tempos de democracia, apoiam a volta da ditadura não fazem ideia dos horrores do período. O pior dos governos democráticos é ainda melhor que qualquer regime ditatorial, a liberdade de as pessoas poderem questionar e lutar pelos seus direitos não tem preço”, afirmou o advogado Wellington Barreto.
2014 marca 50 anos do início da ditadura militar no Brasil, que governou o país até 1985. Hoje, Dia Mundial dos Direitos Humanos, o relatório final da CNV será entregue à presidenta Dilma Rousseff e disponibilizado no site (www.cnv.gov.br), medida apontada por Wellington Barreto como um marco na direção do conhecimento da história do país pelas gerações que não “experimentaram” os horrores da ditadura militar.
“Só tenho uma coisa a dizer, aqueles que hoje, em tempos de democracia, apoiam a volta da ditadura não fazem ideia dos horrores do período. O pior dos governos democráticos é ainda melhor que qualquer regime ditatorial, a liberdade de as pessoas poderem questionar e lutar pelos seus direitos não tem preço”, afirmou o advogado Wellington Barreto.
2014 marca 50 anos do início da ditadura militar no Brasil, que governou o país até 1985. Hoje, Dia Mundial dos Direitos Humanos, o relatório final da CNV será entregue à presidenta Dilma Rousseff e disponibilizado no site (www.cnv.gov.br), medida apontada por Wellington Barreto como um marco na direção do conhecimento da história do país pelas gerações que não “experimentaram” os horrores da ditadura militar.
O Mossoroense
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