Após 13h, PM entra em penitenciária no RN; há ao menos 10 mortos


Tropa de Choque da PM do Rio Grande do Norte entra na penitenciária estadual de Alcaçuz, na Grande Natal (Foto: Fred Carvalho/G1)

Policiais militares entraram às 6h10 deste domingo (15) na Penitenciária Estadual de Alcaçuz (horário local, 7h10 em Brasília), na Grande Natal (RN), com veículo blindado, vans e carros para tentar acabar com rebelião que já dura mais de 13 horas. Há ao menos dez mortes confirmadas durante a rebelião, segundo o governo estadual do Rio Grande do Norte.

A polícia entrou no complexo penitenciário por volta das 5h30 e, nas áreas externas dos pavilhões onde os presos estão rebelados, às 6h10. Às 6h50, os policiais entraram na área interna dos pavilhões. Não há barulhos de tiros ou bombas.

Um helicóptero da PM auxilia na operação, que envolve Choque, Bope e GOE (Grupo de Operações Especiais). Às 6h20, era possível ver fumaça negra nos pavilhões e ouvir bombas de efeito moral do lado de fora da penitenciária. Os detentos que passaram a noite em cima dos telhados já desceram do topo dos prédios.

Enquanto os veículos entravam no complexo penitenciário, pessoas que estavam na porta aplaudiam e vaiavam os policiais. Há familiares de detentos, que ontem à noite tentaram furar o bloqueio policial, sem sucesso. Eles dizem que presos que não estão envolvidos na rixa entre as facções estão pedindo socorro. Com panos brancos, eles acenam e pedem paz.

Panos brancos também foram colocados por detentos no telhado dos pavilhões.

Não houve negociação entre PM e presos, informou ao G1 o tenente-coronel Marcos Vinícius, que comanda o Bope, por volta das 2h. A madrugada foi tranquila, sem tiros nem tumultos aparentes. O complexo ficou sem energia elétrica desde a noite de ontem. Muitos tiros foram ouvidos e era possível ver muita fumaça do lado de fora do presídio ontem.

Ontem à noite, o secretário estadual de Justiça e Cidadania (Sejuc), Wallber Virgolino, afirmou que a determinação era retomar o controle do presídio. "A ordem já foi dada: retomar o controle de Alcaçuz e evitar rebeliões em outras unidades", afirmou Virgolino, que diz ter chamado todos os agentes penitenciários que estavam de folga. O estado possui cerca de 800 agentes penitenciários.

Alcaçuz fica em Nísia Floresta, cidade da Grande Natal, e é o maior presídio potiguar. A penitenciária possui capacidade para 620 detentos, mas abriga cerca de 1.150 presos, segundo a Sejuc, órgão responsável pelo sistema prisional do estado.
Blindado da Tropa de Choque da PM do Rio Grande do Norte entra na penitenciária estadual de Alcaçuz, na Grande Natal (Foto: Fred Carvalho/G1)
Presos amanhecem no telhado da penitenciária, de Alcaçuz, a maior do Rio Grande do Norte, em rebelião. Quando a Tropa de Choque entrou no presídio, eles já estavam fora dos telhados (Foto: Fred Carvalho/G1)

Familiares de detentos aguardam em frente à penitenciária de Alcaçuz (Foto: Anderson Barbosa/G1)

A PM afirma que a área externa está sob o controle das autoridades. As saídas foram bloqueadas e o Corpo de Bombeiros fez barricadas no local. "Não há registro de nenhuma ação externa aos presídios. O problema está restrito a Alcaçuz e a população pode seguir com suas atividades dentro da normalidade", afirmou o governo, em nota.

O motim
A rebelião começou por volta das 17h de sábado (horário local, 16h em Brasília), após uma briga entre presos dos pavilhões 4 e 5. Segundo o governo, a briga estava restrita aos dois pavilhões. O pavilhão 5 é o presídio Rogério Coutinho Madruga, que fica anexo a Alcaçuz. Há separação entre presos de facções criminosas entre os dois presídios.

Segundo a presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários, Vilma Batista, homens em um carro se aproximaram do presídio antes da rebelião e jogaram armas por sobre o muro.

A Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social (Sesed) diz em nota que as mortes são "resultado de uma briga entre facções rivais". Já o governo do estado afirma que "'estão sendo levantadas informações acerca do envolvimento de facções criminosas".

Auxílio
Em entrevista ao Jornal Nacional, o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, disse que o combate ao crime organizado dentro dos presídios será intensificado. Sobre a rebelião, o ministro afirma estar "aguardando, eventualmente, o pedido de algum auxílio". "Obviamente, em havendo esse pedido, o auxílio será imediato”, afirmou Moraes.

"O sistema está superlotado há muito tempo. Eu costumo repetir que não há passo de mágica pra solucionar um problema crônico no Brasil. É um problema que, governo após governo, vem se ampliando", afirmou. "Nós temos aproximadamente, hoje, 650 mil presos. Com um deficit de quase 300 mil vagas. Obviamente, isso acaba tornando o sistema um barril de pólvora".

O governador do Estado, Robinson Faria, afimou ter entrado em contato com o ministro, para que o governo federal acompanhe a situação do Estado.
Presos se abrigam nos telhados da penitenciária de Alcaçuz (Foto: Reprodução/Inter TV Cabugi)

A Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social (Sesed) emitiu nota afirmando ter montado um Gabinete de Gestão Integrada (GGI) para executar as ações a serem empregadas na rebelião do presídio de Alcaçuz.

"Já estão no local o Batalhão de Operações Especiais (Bope), o Batalhão de Choque e a Força Nacional para evitar mais confrontos e controlar a situação. Há registro de mortes resultado de uma briga entre facções rivais", afirma a secretaria.

*Anderson Barbosa e Fred Carvalho/G1 RN--- nossoparana -- blogdojornalatromba