Foto: Reprodução / YouTube
O secretário de Justiça e Cidadania do Rio Grande do Norte, Walber
Virgolino, comentou a crise carcerária brasileira e declarou que
“presídio não é hotel e preso não é hóspede”. “Tem que ser tratado como
preso, como acontece no Japão, nos Estados Unidos”, defendeu em
entrevista ao jornal O Globo. Virgolino é delegado de polícia.
Questionado sobre a comparação das instalações dos presídios brasileiros
à de um hotel, ele confirmou sua opinião. “É um hotel, sabe por quê? Se
você pegar a maioria dos presídios do Brasil vai encontrar televisão,
frigobar, ar-condicionado. Isso não é um hotel, não?”, disse, para
completar: “Mesmo assim aqui os doutrinadores comparam o sistema
penitenciário com calabouço, mas o calabouço não tem ar-condicionado,
não tem televisão, não tem ventilador, não tem ferro de engomar,
frigobar, churrasqueira”. O secretário anunciou ainda que vem retirando
os bens encontrados das unidades, mas admitiu que há conivência do
Estado, que permite que as celas sejam equipadas com itens de fora.
Alguns estados fazem um acordo tácito com os presos. Tu fica quietinho e
eu deixo entrar tudo pra tu. (...) O Estado recua, fica com medo do
preso, e começa a aceitar de forma involuntária tudo do preso, para ele
não bagunçar, não matar ninguém, não fazer rebelião. Virgolino também
foi indagado sobre a existência de presídios superlotados. “Não é
aceitável (ter celas superlotadas), mas a senhora acha que vai mudar
isso nesses 20 anos? (...) A gente tem que gerenciar com o que tem na
mão. Eu não posso ficar trabalhando (com a hipótese) que vai cair (do
céu) 20 presídios lá, dizendo que vai ter um preso por cela. Não vai.
Temos que adotar medidas pensando na realidade”, argumenta. Em sua
avaliação, não há indícios de que seu estado deva ser palco de futuras
rebeliões ligadas aos massacres ocorridos nas últimas semanas na região
Norte, que ele classifica como fruto de uma briga “isolada”. Atualmente,
o Rio Grande do Norte tem cerca de 8 mil presos em 4,5 mil vagas – os
detentos do Sindicato do Crime e do PCC são separados nas unidades
estaduais. “A estrutura física prejudica um pouco, mas a gente tem moral
dentro dos presídios”, garantiu.