Abandonado por quase todos, ex-governador alimenta esperança de deixar a prisão



O ex-governador Fernando Freire, certa feita, recebeu no Rio de Janeiro a delegação de futebol do América e serviu uma nababesca recepção. É um episódio de uma época distante, quando ele triunfava como empresário e político. Preso há dois anos no quartel da Polícia Militar, o ex-governador que, nesta semana somou mais uma condenação, agora só pensa em tentar uma vida simples quando deixar a cadeia.

Dos tempos da glória, quase nada restou a Fernando, exceto as consequências das acusações que lhe são imputadas por má gestão da coisa pública. Da família, também quase nada restou.

A mulher e os filhos vivem no Rio de Janeiro. O peso do abandono só não foi capaz de romper o laço de fraternidade com o irmão mais velho, o aposentado, Roberto Elias Moura, 73, um dos únicos que ainda leva esperança à cela de “três por três” onde o ex-governador está confinado.

As visitas são definidas por Roberto Elias como um constrangimento. Acostumado a pensar no irmão como um companheiro com quem viveu muitas histórias, é angustiante constatar que a vida dos dois têm se encontrado agora apenas numa cela claustrofóbica. Por isso, muito pouco é dito quando estão frente à frente.

“É uma conversa basicamente superficial. Eu procuro respeitar…”, relatou Roberto, que também sofre com a execração do irmão. “As pessoas acham que sou rico. Vivo de uma aposentadoria do INSS”.

Para Fernando, Roberto diz que costuma levar coisas simples. Os itens preferidos são guaraná, chocolate e cigarros. Eventualmente, Roberto também leva um barbeiro, como está previsto para este domingo (5). Em 22 de março, Fernando Freire completará 63 anos e, até aqui, relata o irmão, ele atravessa o cárcere sem reclamações. Houvesse uma palavra para definir, seria resignação.

“Ele ainda mantém a esperança de que vai sair. Fernando não tem recursos. Quando deixar a prisão, vai tentar uma vida simples”, revela Roberto.

Se Fernando Freire alimenta a esperança de deixar a prisão, o irmão Roberto também pensa ainda em sair junto com seu companheiro, não como era antes, com tanta fartura – pois nada mais é como antes.

“Eu tenho a esperança que isso acontença. Isso se a vida não pregar dessas peças do destino… Uma doença talvez…”, titubeia Roberto, indicando que a entrevista deve ser encerrada.

Fernando Freire já teve oito pedidos de liberdade negados. Nesta semana, às condenações que ele já acumula se somou mais uma: 13 anos e 7 meses de prisão.

Por Dinarte Assunção


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