O Brasil de Jair Bolsonaro criou uma jabuticaba diplomática ao anunciar um escritório em Jerusalém.
Visou agradar os anfitriões em sua visita a Israel, sua base evangélica, o governo de Donald Trump e ainda evitar uma retaliação comercial por parte dos importadores muçulmanos de carne brasileira.
Resta saber se vai funcionar o eufemismo entre aliados, uma vez que a desejada mudança de embaixada micou por ora. Do outro lado, já começou a provocar estragos: a convocação do embaixador palestinopara
consultas é um ato igualmente político, mas que poderá ser seguido por
outros países de maioria muçulmana e gerar constrangimentos.
A convocação em si tem valor meramente
simbólico, dado que as relações com a Palestina não envolvem trocas
comerciais ou políticas significativas. Mas a Liga Árabe, que já se
opunha à ideia inicial da mudança da embaixada e insinuou boicote de
importação de proteína animal, pode ir pelo mesmo caminho e acabar
escalando uma disputa diplomática inaudita por aqui.
O movimento é alvo de chacota por parte
de diplomatas que acompanham com ceticismo os gestos do seu novo chefe, o
chanceler Ernesto Araújo.
Igor Gielow – Folha de S.Paulo
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