Em mais uma etapa de sua jornada pelo país neste segundo turno, o ex-presidente Lula (PT) esteve em Porto Alegre nesta quarta-feira (19), juntamente com seu candidato a vice, Geraldo Alckmin (PSB). Ambos participaram de uma caminhada que reuniu milhares de pessoas e percorreu ruas do centro, terminando com ato político na Praça da Matriz. Pouco antes do ato, houve coletiva de imprensa com Lula e Alckmin.
Nas duas ocasiões, Lula se solidarizou com o cantor Seu Jorge, que sofreu racismo durante show realizado no sábado (15), em clube na capital gaúcha. “Não podemos aceitar o racismo de jeito nenhum”, disse Lula, completando que “a escravidão acabou há muito tempo”. Lula disse ainda que o crime de racismo não reflete a posição do povo gaúcho ou porto-alegrense, mas “de uma minoria que não sabe respeitar a democracia, os trabalhadores, negros e índios”.
O ex-presidente lembrou ainda do caso do humorista Eddy Júnior, que também sofreu racismo na noite desta segunda-feira (17) em São Paulo. Lula defendeu que a Constituição já estabelece que o racismo é crime e que é preciso punir quem o comete, assim como é necessário mudar a cultura do preconceito e da discriminação por meio da educação.
Lula ainda criticou Bolsonaro pela utilização da máquina pública de maneira “jamais vista neste país” e com “a maior desfaçatez”. Para ele, isso reflete “certo desespero”. Lula disse ainda que está confiante de que “a sociedade está madura e sabe da necessidade de retomarmos a democracia”.
Ações e propostas
Aos jornalistas, Lula também falou sobre as ações de seu governo em benefício do agronegócio, como a Medida Provisória 432/08 que, afirmou, possibilitou a securitização e a negociação de uma dívida de quase R$ 75 bilhões do setor. Ele também lembrou que em seu governo, a taxa de juros para o financiamento de maquinários agrícolas de grande porte girava em torno de 2%, e hoje, no governo Bolsonaro, a taxa é de 18%. Ele defendeu a preservação dos biomas brasileiros contra a ocupação desordenada e o uso adequado da biodiversidade na área de fármacos e cosméticos. Disse ainda que “cuidar do clima hoje é tão importante quanto qualquer outra atividade econômica”.
Outro ponto destacado por Lula foi a defesa dos trabalhadores. Ele salientou que é preciso haver novas regras que garantam direitos e segurança, sobretudo para os que hoje exercem funções precárias, desprovidas de qualquer tipo de cobertura social, como entregadores e motoristas de aplicativos e pessoas que vivem de bicos. “Quem trabalha precisa ter a tranquilidade de saber que se algum dia tiver algum problema, terá um sistema de seguridade para proteger a ele e a sua família; não é normal abandonar trabalhador à própria sorte”, enfatizou.
Lula também propôs que os bancos públicos viabilizem empréstimos para micro e pequenos empreendedores. E lembrando da proposta feita pela senadora Simonte Tebet (MDB-MS), disse que quer implantar a igualdade salarial entre mulheres e homens.
Outros pontos caros à agenda do ex-presidente, como o combate à fome e à miséria, o fortalecimento dos investimentos do Estado como indutor do desenvolvimento e gerador de empregos, a educação e a valorização do salário mínimo também pautaram suas falas em Porto Alegre.
O candidato a vice de Lula, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, declarou que “o Brasil não quer ódio, quer paz; não quer fome, quer emprego; não quer desmatamento, quer preservar a nossa casa comum; quer educação de qualidade; não quer negacionismo de vacina e 687 mil mortos, quer vida, SUS forte e saúde. Por isso, estamos juntos nessa grande frente por nosso país”.
O ato contou ainda com as presenças da ex-presidenta Dilma Rousseff; do ex-governador gaúcho Olívio Dutra; do senador Paulo Paim, da vice-presidenta do PCdoB, Manuela d’Ávila, dos deputados federais Maria do Rosário e Paulo Pimenta (PT); do deputado estadual Edegar Pretto (PT) e da deputada federal eleita e vereadora Daiana Santos (PCdoB), entre outras lideranças dos partidos que compõem a frente de apoio a Lula, como PSB, PDT, PV, PSol e Rede.
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