O que esperar do segundo turno nos estados: veja o que dizem as pesquisas

 

Brasileiros de doze estados irão às urnas, no dia 30 de outubro, decidir as eleições para governador. As pesquisas mostram que na Bahia, no Rio Grande do Sul e em Rondônia, o cenário é imprevisível, com os candidatos rigorosamente empatados.

Em Pernambuco, o segundo turno disputado por duas candidatas, Raquel Lyra (PSDB) e Marília Arraes (Solidariedade), pode culminar na eleição da única candidatura tucana aos governos estaduais.

Ainda no Nordeste, os sergipanos assistem uma inóspita aliança entre um ex-candidato bolsonarista e o petista Rogério Carvalho (PT), favorito para vencer o segundo turno. Em Alagoas, dois grupos políticos disputam o poder e o senador Renan Calheiros (MDB-AL) acusa o presidente da Câmara dos Deputados , Arthur Lira (PP-AL), de tentar interferir na eleição no estado.

Em São Paulo, Fernando Haddad (PT) movimenta as pesquisas e dá sinais de reação, contra o bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos), que decidiu não ir mais aos debates, após bom desempenho petista na TV Bandeirantes.

Confira a conjuntura e as pesquisas para cada estado:

Alagoas

A eleição em Alagoas caminha incerta no segundo turno. Nesta semana, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) afastou Paulo Dantas (MDB) do cargo de governador do estado, por um suposto envolvimento em um esquema de desvio de R$ 54 milhões dos cofres públicos. Candidato à reeleição, o emedebista pode continuar concorrendo no pleito, de acordo com o Tribunal Regional Eleitoral (TRE).

Dantas aparece em primeiro na pesquisa divulgada pela Real Time BigData na última quarta-feira (12), com 59% dos votos válidos, contra 31% de Rodrigo Cunha (UB), aliado de Jair Bolsonaro e do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).

Após a operação da Polícia Federal que culminou no afastamento de Dantas, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) foi às redes sociais e acusou Lira de envolvimento com o episódio, para desestabilizar a candidatura do atual governador.

“Alertei o TSE e MP: Alagoas é vítima do uso político da PF e do abuso de autoridades. Pedi a troca do superintendente, cabo eleitoral de Arthur Lira que sonha com a Gestapo. Lira levou uma surra. Vencemos em 83 cidades, elegemos o senador e temos 60% dos votos no 2º turno”, explicou Calheiros.

Por trás da contenda, está uma briga pelo poder no estado, protagonizada por dois grupos políticos antagônicos. Dantas e Calheiros são aliados. Na outra ponta, Lira, Bolsonaro e Collor.

Dantas era vice-governador de Alagoas, assumiu o cargo principal após a renúncia de Renan Filho (MDB), filho de Renan Calheiros, que concorreu e venceu a eleição para o Senado.

No primeiro turno, Dantas quase venceu a eleição, chegando à frente com 46,64% dos votos. Em segundo, Cunha teve 26,79%.

Amazonas

O atual governador amazonense, Wilson Lima (UB), caminha para se reeleger. De acordo com a pesquisa Real Time BigData, divulgada na última segunda-feira (10), ele lidera a corrida no segundo turno, com 48% das intenções de voto. Em seguida, está o senador Eduardo Braga (MDB), que soma 40%.

No primeiro turno, Lima conseguiu 42% dos votos e venceu o pleito com tranquilidade, 20 pontos percentuais à frente de Braga, que somou 20%. O atual governador e Bolsonaro já firmaram um acordo mútuo de apoio para o segundo turno.

Braga, que tem Anne Moura, secretária de Mulheres do PT no Amazonas, como vice em sua chapa, e que já foi ministro de Minas e Energia, durante o governo de Dilma Rousseff (PT), é apoiado por Lula e abrirá seu palanque ao petista, até dia 30 de outubro, quando ocorre a votação.

Bahia

Os baianos protagonizam e assistem uma reviravolta impressionante na corrida eleitoral no estado. Desde o começo do ano, ACM Neto (UB) aparecia à frente nas pesquisas para governador da Bahia, com percentuais que lhe garantiriam vitória em primeiro turno.

Mas desde setembro, Jerônimo Rodrigues (PT) passou a crescer nas pesquisas e em 2 de outubro confirmou a ascensão, vencendo o primeiro turno, com 49,5%, flertando com a vitória direta, sem necessidade do segundo turno.

ACM Neto, que fez 40,80% no primeiro turno, teve uma boa notícia nesta semana. Na última quarta-feira (12), a pesquisa da Real Time BigData o colocou rigorosamente empatado com Rodrigues em 50% dos votos válidos.

Mesmo enfrentando um candidato petista, ACM Neto preferiu manter a neutralidade no segundo turno, sem declarar voto em Lula ou Bolsonaro.

Espírito Santo

A Real Time BigData divulgou a primeira pesquisa para segundo turno no estado, que mostra o governador Renato Casagrande (PSB) à frente, com 53% dos votos válidos, seguido por Carlos Manato (PL), que soma 47%.

A vitória de Casagrande no primeiro turno era apontada pelos institutos de pesquisa com margem confortável. Com ampla aliança no estado, que envolvia PT, PDT, MDB e Podemos, o atual governador rompeu uma tradição capixaba de eleições decididas em primeiro turno.

No Espírito Santo, Bolsonaro venceu com 52% dos votos, o que tem afastado a candidatura de Casagrande de Lula, para evitar perda de eleitores. O petista ainda não foi ao estado, no segundo turno.

Mato Grosso do Sul

Antes do debate da TV Globo, que reuniu os candidatos à presidência da República, no dia 30 de setembro, o bolsonarista Capitão Contar (PL) aparecia em quarto lugar, na disputa ao governo do Mato Grosso do Sul, com apenas 12% das intenções de voto.

No estado, Jair Bolsonaro (PL) estava em dúvida sobre apoiar seu correligionário ou o ex-governador do estado, André Pucinelli (MDB). O presidenciável decidiu, então, anunciar o voto em Contar, durante o debate.

Após o fechamento das urnas, Contar apareceu em primeiro, com 26,71% dos votos, deixando Pucinelli de fora do segundo turno. Seu adversário será Eduardo Riedel (PSDB), que somou 25,16% dos votos.

No segundo turno, Pucinelli, preterido por Bolsonaro e atacado por bolsonaristas durante todo o primeiro turno, decidiu apoiar Contar. Giselle Marques, candidata petista que terminou em quarto lugar na disputa para o governo local, ainda não declarou publicamente quem apoia na eleição sul-mato-grossense.

Nenhuma pesquisa para o governo do Mato Grosso do Sul foi divulgado até o momento.

Rio Grande do Sul

Eduardo Leite (PSDB), perdido entre a disputa interna do partido para a definição do candidato à presidência e a indecisão sobre a reeleição, demorou a entrar na corrida eleitoral pelo governo do Rio Grande do Sul.

De favorito à reeleição, Leite terminou o primeiro turno em segundo lugar, com 26,81% dos votos, apenas 2.500 votos à frente de Edegar Pretto (PT), que terminou em terceiro, com 26,77%.

Ex-ministro de Bolsonaro, Onyx Lorenzoni (PL) garantiu a vitória em primeiro turno, com 37,50% dos votos, deixando para trás o outro representante do bolsonarismo no estado, o deputado federal Luiz Carlos Heinze (PP), que teve apenas 4,28% dos votos.

Se Lorenzoni não esconde seu padrinho político, Jair Bolsonaro, Leite segue, assim como fez no primeiro turno, sem declarar apoio e voto no segundo turno da disputa presidencial.

De acordo com a pesquisa Real Time BigData, divulgada na última quinta-feira (13), os dois estão rigorosamente empatados, com 44%. Onyx, no entanto, aparece à frente nos votos válidos, com 51% das intenções de votos, contra 49% de Leite, no segundo turno.

Rondônia

O cenário rondoniense é similar ao gaúcho, onde dois bolsonaristas disputam o apoio do presidente da República e a cadeira do governo local. O senador Marcos Rogério (PL) e o atual governador Coronel Marcos Rocha (UB) estão empatados tecnicamente, na margem de erro, e aparecem com 44% e 43% das intenções de voto, respectivamente, na pesquisa da Real Time BigData divulgada na última segunda-feira (10).

No entanto, o senador está à frente, com 51% das intenções de voto, contra 49% do atual governador. Rocha venceu o primeiro turno, com 38,88% dos votos, contra 37,05% de Rogério.

Marcos Rogério foi alçado à fama durante a CPI da Pandemia, quando emprestou seu mandato para que servisse de linha auxiliar de Jair Bolsonaro, defendendo teses sem respaldo científico e sendo acusado de fake news.

O coronel Marcos Rocha foi eleito na esteira do bolsonarismo, em 2018, e foi companheiro de farda de Jair Bolsonaro. Os dois serviram juntos no Exército no Rio de Janeiro.

Santa Catarina

Na última quinta-feira (13), o Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina (TRE-SC) barrou a divulgação da primeira pesquisa sobre a disputa do segundo turno ao governo catarinense. A decisão atendeu um pedido da campanha do senador Jorginho Mello (PL), que acusava o instituto de não apresentar os locais em que o levantamento foi realizado.

Em Santa Catarina ocorrerá o único duelo do segundo turno entre candidatos aos governos estaduais do PT e PL, partidos de Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro, candidatos à presidência da República.

Mello venceu o primeiro turno com 38,60% dos votos. Seguido por Décio Lima (PT), que somou 17,42%. O senador nunca ocupou cargos majoritários e foi eleito senador em 2018. O petista foi prefeito de Blumenau durante oito anos. Desde 2007, é deputado federal.

Paraíba

João Azevêdo (PSB) pode confirmar seu favoritismo para o governo paraibano nas urnas, de acordo com a pesquisa divulgada pela Real Time BigData na última terça-feira (11), que o coloca à frente, com 48% das intenções de votos. Seu adversário, Pedro Cunha Lima (PSDB), aparece com 39%.

Se excluídos brancos, nulos e indecisos, Azevêdo segue líder com 55% dos votos válidos, contra 45% de Lima.

Ex-secretário de Ricardo Coutinho (PT), que venceu a eleição para o Senado na Paraíba, Azevêdo foi eleito governador paraibano em 2018 e mantém sua administração próxima ao PT. Seu partido, o PSB, faz parte da aliança nacional articulada em torno da candidatura de Lula à presidência da República.

Já Pedro Cunha Lima seguiu a tendência adotada por outros candidatos tucanos no segundo turno, a neutralidade.

São Paulo

A 16 dias das eleições, a corrida eleitoral para definir o próximo residente do Palácio do Planalto está aberta. Na pesquisa divulgada pelo Datafolha, no dia 7 de outubro, o fluminense Tarcísio Freitas (Republicanos), ex-ministro de Jair Bolsonaro, aparecia confortável à frente, com 50% das intenções de voto. Em seguida, Fernando Haddad (PT), ex-ministro de Lula, somava 40%, .

Mas cinco dias depois, em 12 de outubro, o Ipec virou um balde de água fria na cabeça dos bolsonaristas e mostrou os dois candidatos próximos. Tarcísio, pontuando 46% e Haddad, somando 41%.

A tendência de queda do bolsonarista preocupou sua campanha que decidiu cancelar sua participação nos debates previstos para ocorrerem no segundo turno. O encontro da TV Globo ainda está aberto, sem a anuência de Freitas.

A oscilação ocorreu após o primeiro debate entre Haddad e Freitas, no último domingo (9). O petista foi favorecido pelo formato proposto pela TV Bandeirantes e teve sua participação celebrada pelos petistas. O desempenho de Freitas preocupou sua campanha.

Pernambuco

Raquel Lyra chega com força ao segundo turno, em Pernambuco, e pode ser a única vitória do PSDB, entre os 11 candidatos aos governos estaduais lançados pelo partido nas eleições de 2022.

De acordo com a pesquisa da Real Time BigData, divulgada na última quarta-feira (12), a tucana aparece à frente de Marília Arraes (Solidariedade), com 19 pontos de diferença, 54% e 35% das intenções de voto, respectivamente.

No dia da votação do primeiro turno, 2 de outubro, Lyra perdeu o marido, Fernando Lucena, de 44 anos, vítima de um mal súbito quando estava em casa. Somente no dia 12 de outubro, a tucana retomou a campanha de rua.

A campanha de Lyra tentou um acordo no TRE com a Marília Arraes, para que a corrida eleitoral no estado tivesse uma pausa, em respeito ao luto por Lucena. Mas candidata do Solidariedade não concordou com o hiato.

Sergipe

Neste momento, o senador Rogério Carvalho (PT) representa a principal oportunidade do PT vencer um dos estados em disputa no segundo turno. Os petistas já elegeram Elmano Freitas (CE), Fátima Bezerra (RN) e Rafael Fonteles (PI) no primeiro turno.

Carvalho aparece à frente na pesquisa Real Time BigData, divulgada na última quarta-feira (12), com 55% dos votos válidos, contra 45% de Fábio Mitidieri (PSD).

Em Sergipe, uma conjuntura política inóspita fez com que Valmir de Francisquinho (PL), bolsonarista que disputava a eleição para o governo sergipano,tivesse sua candidatura cassada pelo Tribunal Superior Eleitoral por abuso de poder econômico nas eleições de 2018, e fosse parar no palanque de Carvalho.

O bolsonarista declarou apoio ao petista, fato inédito no país. Isso acontece porque Francisquinho é adversário político do atual governador Belivaldo Chagas (PSD), que quer emplacar Mitidieri como seu sucessor.

Edição: Rodrigo Durão Coelho

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