O governo brasileiro interveio para evitar um colapso energético na Argentina, destravando o fornecimento de gás natural pela Petrobras. Em uma ação emergencial, a Argentina contratou um navio com 44 milhões de metros cúbicos (m³) de gás liquefeito (GNL) da Petrobras, após uma súbita escassez de combustível no país, causada por um frio atípico e intenso.
A crise energética, em razão do aumento da demanda, se agravou rapidamente, afetando mais de 300 indústrias e postos de combustíveis. Diante dessa emergência, o governo argentino recorreu à Petrobras, mas enfrentou problemas com a carta de crédito emitida pelo Banco de la Nación Argentina (BNA), causando atrasos no descarregamento do gás.
O governo argentino acionou a diplomacia brasileira para resolver o impasse. O chanceler argentino Diana Mondino contatou o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, para agilizar a liberação do carregamento. “Havia claramente um grau de urgência nas ligações”, descreveu uma autoridade envolvida, enfatizando a importância da rápida resolução para evitar maiores danos à economia argentina.
Normalização do abastecimento
Com a intervenção direta das autoridades brasileiras e argentinas, um novo documento de garantia foi emitido, permitindo a liberação do GNL. A Petrobras confirmou que a operação de venda ocorreu conforme acordado, e o abastecimento de gás foi normalizado. “Foi uma questão puramente comercial”, afirmaram os envolvidos, destacando a eficácia da articulação diplomática e comercial entre os dois países.
A normalização do abastecimento foi anunciada pelo porta-voz da Casa Rosada, Manuel Adorni, gerando alívio no país. “Temos que saber ser agradecidos e reconhecer quando as coisas saem bem. A rapidez que houve para solucionar o problema com a famosa carta de crédito é digna de elogios”, afirmou Adorni.
A operação destacou a maturidade nas relações econômico-comerciais entre Brasil e Argentina, mesmo sem contato direto entre os presidentes Lula e Milei. A ação conjunta reforçou a importância da cooperação regional em momentos de crise.
Relações comerciais
O acordo entre Petrobras e Enarsa, firmado no mês passado, prevê um intercâmbio de informações e ações coordenadas para garantir o fornecimento de gás natural durante o inverno argentino, sem impactar o abastecimento no Brasil. Este episódio reforça a importância das relações bilaterais no Mercosul e a capacidade das instâncias técnicas de ambos os países de operar de maneira eficiente em situações de emergência.
Em nota, a Petrobras afirmou que “a operação de venda de GNL entre a Petrobras e a Enarsa ocorreu conforme acordado em contrato. Ambas as empresas atuaram para viabilizar o início de fornecimento, que já está acontecendo, no menor prazo possível”.
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