Cairo – O exército egípcio avisou hoje que irá intervir se as exigências do povo não forem atendidas
dentro das próximas 48 horas, em um momento em que o Egito é abalado
por uma forte contestação contra o presidente Mohamed Morsi.
Numa mensagem lida na televisão estatal, o exército “reiterou o seu
pedido para que as exigências do povo sejam atendidas” e “deu [a todas
as partes] 48 horas, como a última oportunidade para assumirem as suas
responsabilidades face às circunstâncias históricas que o país
enfrenta”.
“Se as reivindicações do povo não forem satisfeitas durante este
período, [as forças armadas] irão anunciar um roteiro de ação e medidas
para supervisionar a sua aplicação”, indicaram os militares na mesma
declaração.
O Egito está profundamente dividido entre os adversários de Morsi, que
denunciam uma deriva autoritária do poder destinada a instaurar um
regime dominado pelos islamitas, e os apoiadores que querem ver
reforçada a legitimidade conquistada nas urnas, na primeira eleição
democrática realizada no país.
Após a declaração do exército egípcio, os manifestantes concentrados na
praça Tahrir, no centro do Cairo, reagiram de forma eufórica, segundo
um testemunho de um jornalista da agência de notícias francesa AFP.
“Morsi não é mais o nosso presidente, Sissi está conosco”, gritaram os
manifestantes, numa referência ao general Abdel Fattah al-Sissi, chefe
do exército e ministro da Defesa, cuja fotografia apareceu durante a
leitura da declaração televisiva do comando militar.
Momentos antes do anúncio do exército, a instituição islâmica Al-Azhar,
a principal do Islã sunita, manifestou a sua preocupação com a presença
de indivíduos armados nas manifestações “pacíficas” que abalam o Egito.
“A Al-Azhar segue os acontecimentos com uma profunda preocupação, em
particular os relatos sobre vítimas e a detenção de traficantes de armas
que parecem ter se infiltrado em manifestações pacíficas”, informou a
instituição, num comunicado, temendo que o país enfrente “um novo banho
de sangue”.
A mensagem do exército egípcio foi divulgada ao país algumas horas depois de o movimento Tamarod (rebelião em árabe) da oposição egípcia ter dado um prazo de 24 horas
ao presidente Mohamed Morsi para abandonar o poder, ameaçando com uma
campanha de desobediência civil caso o chefe de Estado insista em ficar.
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