As investigações da Operação Lava Jato, da Polícia Federal,
descobriram anotações em um escritório da empresa UTC Participações, em
São Paulo, que faziam comentários sobre os rumos da CPI da Petrobras no
Congresso Nacional. As informações foram publicadas no jornal Folha de S. Paulo nesta terça-feira (9).
Segundo os papéis encontrados, o senador Aécio Neves (PSDB/MG) teria
sido “pressionado pela CNO para não aprofundar”, assim como teria
escalado dois colegas – Álvaro Dias (PR) e Mário Couto (PA) – para
“fazer circo” na ocasião. A sigla pode ser uma referência à Construtora
Norberto Odebrecht.
Ainda segundo as anotações levantadas pela PF, a CPI não parecia
incomodar as empreiteiras. Parte do texto dizia que a Comissão “será
agressiva, pois não querem apurar nada, só gerar noticiário”. Foram
vários os indícios encontrados pela polícia de que as empreiteiras
acompanhavam de perto as atividades dos parlamentares.
Na casa de um executivo da construtora OAS, Aldemário Pinheiro, a PF
teve acesso a um e-mail enviado por um funcionário. “Observo que 90% dos
requerimentos direcionados às empresas que celebraram contratos com a
Petrobras são do deputado Rubens Bueno [PPS-PR]. Os outros 10% estão
distribuídos entre Álvaro Dias (pediu a quebra de sigilo da Coesa),
Carlos Sampaio (solicitou a convocação de Julio Camargo e Othon Zanoide)
e João Magalhães (fez diversos requerimentos contra a empresa Shain)”,
informou o dirigente da OAS.
Essa não é a primeira evidência da tentativa do PSDB de calar a
Comissão. Em depoimento em delação premiada, o ex-diretor da Petrobras
Paulo Roberto Costa afirmou que o ex-presidente do partido, Sérgio
Guerra, teria recebido R$ 10 milhões para abafar a CPI que apurava
irregularidades nos contratos da estatal.
Foto de capa: Viomundo
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