Senador Cássio Cunha Lima paga 7,5 mil em jantar e bota na conta do Senado. (Reprodução)
Nem era para espantar mais ninguém, já que virou rotina, mas acho que
Vossas Excelências andam exagerando, sem dar a menor bola para a
torcida, quer dizer, nós, como diria o Heródoto Barbeiro.
“Congresso banca `hábito gourmet´ dos parlamentares”, denuncia o título da página A10 do Estadão
do último domingo sobre as despesas com bocas-livres patrocinadas por
parlamentares em que eles torram a nossa grana sem dó nem piedade.
O jornal ilustra a matéria com a reprodução da nota fiscal 221515 do
restaurante “Porcão”, de Brasília, o preferido dos políticos que não se
importam com o valor da conta, emitida em nome do senador Cássio Cunha Lima (o senador paraibano foi cassado pelo TSE quando era governador do Estado pela prática de abuso de poder político e econômico nas eleições de 2006)
Valor: R$ 7.567,60, ou seja, mais de dez salários mínimos. Na parte
de “discriminação das mercadorias” encontra-se uma singela informação:
“Refeições”. Não diz nem quantas foram servidas porque isso, certamente,
não interessa a ninguém.
Pois ato publicado pelo Senado em 2010 determina que, para receber o
ressarcimento dos gastos, os parlamentares devem apresentar “nota
fiscal, datada, e com a completa descriminação da despesa”.
A boca-livre com dinheiro público foi oferecida pelo senador, após
uma homenagem a seu pai, o ex-parlamentar e ex-governador da Paraíba
Ronaldo Cunha Lima, que ficou famoso por ter disparado três tiros contra o seu antecessor Tarcísio Burity, em um restaurante de João Pessoa, sem nunca ter sido condenado, como relatam os repórteres Bernardo Caram e Andreza Matais.
Os gostos e os gastos variam. O ex-presidente e senador Fernando
Collor, por exemplo, que aprecia comida japonesa, apresentou três notas
do restaurante Kishimoto, cada uma no valor de R$ 1 mil. A liderança do
PDSDB na Câmara prefere os frutos do mar do restaurante Coco Bambu. Só
este ano, as excelências tucanas já apresentaram 14 notas deste
restaurante com valores entre RS 1.280 e R$ 2.950, num total de quase R$
27 mil.
E por aí vai. A farra não tem fim nem limite. A assessoria do senador
Cunha Lima informou apenas que o jantar contou com a presença de
“autoridades e parlamentares”, o que muito nos honra, claro, pois assim
foi um dinheiro bem gasto. E o gabinete informou ainda aos repórteres
que “o senador é extremamente criterioso com os gastos”.
Podemos imaginar o que seria se assim não fosse…
pragmatismopolitico
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