"Faremos o possível e o impossível para o Brasil voltar a ter uma inflação estável", diz Dilma ao Jô

Em entrevista ao apresentador Jô Soares, gravada na tarde de sexta-feira, no Palácio da Alvorada, e exibida já na madrugada de sábado (13) pela TV Globo, a presidente Dilma Rousseff ressaltou a produção de petróleo no pré-sal no país, falou sobre a Petrobras, promessas de campanha e ajuste fiscal. Também conversou sobre a situação da saúde e os cortes no orçamento na área de educação. 
De acordo com a presidente, foi preservado o que era estratégico na pasta. Dilma também fez uma espécie de prestação de contas do mandato e destacou a luta pela democracia.
A entrevista começou com a presidente relembrando que lia a Bíblia na época em que ficou presa durante a ditadura e não tinha acesso a outros livros, para em seguida falar de promessas de campanha, crise financeira, seca, ajuste fiscal e sobre o lançamento do programa de concessões, na última semana.
"Eu ainda tenho um mandato (para cumprir as promessas de campanha). Estamos no sétimo ano da crise. Vamos fazer o Brasil crescer e continuar a política de distribuição de renda. Utilizamos tudo que podíamos (para evitar a crise). O orçamento da União bancou a redução de imposto para reduzir o desemprego anos atrás e ampliamos o crédito, financiamos bem de capital, financiamos segmentos econômicos, investimentos em infraestrutura, tudo as custas do tesouro", disse a presidente.
No segundo bloco, um dos tema foi a inflação, quando a presidente destacou que o ajuste fiscal deve ser feito o mais rápido possível para que a crise diminua:. 
"Faremos o possível e o impossível para o Brasill voltar a ter uma inflação estável dentro da meta", disse.
Dilma ressaltou ainda que a situação financeira do país é momentânea e que o Brasil está "momentaneamente doente". Outro tema do bloco foi a Petrobras. O apresentador questionou se a presidente sabia que havia "algo de podre no reino do petróleo" para Dilma ter mudado parte da diretoria em 2012.
"Não eram pessoas da minha confiança e eu coloquei uma diretoria da minha confiança. A Petrobras não pode ser confundida com atos de poucos funcionários. Ela virou a página e com certeza será uma das empresas mais lucrativas nessa área", respondeu a presidente.
Jô questionou a presidente sobre o controle de gastos e investimentos e Dilma contou que o controle é digitalizado e citou o repasse do governo federal aos municípios para o investimento em creches.
"No Brasil, todo dinheiro tem que ser acompanhado ou será destinando desnecessariamente naquele momento. Quando repassamos o dinheiro, o prefeito tem que fazer uma foto da creche em que vai ser investido e enviar pra nós. Teve um caso que o prefeito enviou a foto de uma mesma creche quatro vezes. Descobrimos porque o cachorro que estava na frente da creche era o mesmo", falou.
Dilma encerrou o programa falando que o Brasil tem tudo para ser o país da diferença.
"Todo mundo quer conversar com o Brasil sobre as mudanças do clima. Aprovamos uma lei que reduzirá 36% do gás do efeito estufa até 2020. Me esforço todo santo dia pra estar a altura do que deve ser feito para nós. O Brasil reduziu de forma drástica a pobreza, deu um salto em infraestrutura. Ninguém pode dizer que os aeroportos são como eram, nós estamos passando dificuldade, mas não podemos deixar de olhar para trás", exemplificou.
Sobre ser pavio-curto
Eu tenho uma imensa capacidade de resistir. Aprendi a resistir na cadeia, aguentar sabendo que uma hora passa. Eu sou uma mulher dura no meio de homens meigos. Não posso ser uma mulher mole.
Sobre críticas
Jô questionou a se a presidente ainda lê jornais e como se sente quando sai uma crítica a seu respeito. 
Eu leio. Presidente tem que conviver com isso. Acho que eles (jornais) exageram um pouco (nas críticas). Quando eu era uma pessoa normal (antes da presidência), ficaria muito incomodada com as críticas, mas hoje não levo para o lado pessoal. Em  algumas horas eu fico bastante triste. Ninguém é de ferro.
Saúde
Na metade dos anos 2000 nós perdemos a CPMF e tivemos que buscar soluções. O tratamento de saúde começa com a atenção básica. Nós tínhamos uma das piores relações entre pessoas e médicos. O programa Mais Médicos teve muita reação contrária, mas hoje temos médico em toda a Amazônia. Você têm médico no interior de todas as cidades. Agora falta no Brasil especialidades. Queremos focar em ortopedia, cardiologia e oftalmologia.
Cortes no MEC
Cortamos o que não vai comprometer a estratégia de pátria educadora. Tivemos um aumento muito grande no acesso à universidade, com um sistema único que o Sisu que é feito pelo Enem. Duplicamos o número de estudantes que fazem universidade pública. No ensino técnico, pelo Pronatec, fizemos uma parceria com o Senai, o Senac, o Senat e o Senar e formamos 8 milhões de pessoas, sendo 52% mulheres.
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