Carta de militante do PT a Dilma bomba no Viomundo e vira petição pública para todos que quiserem assinar: “Por um aceno teu”

 
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Por Conceição Lemes
Frequentemente, eu, Conceição Lemes, e o jornalista Artur Scavone conversamos sobre política. Nas últimas semanas, o tema foi a crise política e a angústia que anda corroendo todos nós.
Na última sexta-feira 9, ele me enviou um e-mail, cujo texto era uma carta aberta à presidenta Dilma Rousseff, que ele começa carinhosamente com “Querida companheira Dilma”.
— Não é muito piegas? — perguntou-me.
Sinceramente, não achei. Gostei do conteúdo e do tom. Um desabafo franco de um militante de 66 anos de idade e 35 de PT —  ele é um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores.
Na hora, identifiquei na carta os sentimentos que muitos leitores do Viomundo têm manifestado aqui nos seus comentários.
— Vamos publicá-la? — propus. Ele topou.
Postamos na própria sexta. Neste momento, domingo 11, 20h20, já somam no Viomundo 46 mil curtidas no Facebook, quase 425 tuítes e 166 comentários de leitores.
Como eu imaginava, a carta de Scavone  teve grande repercussão junto a quem entende ser necessária uma mudança de rumos do governo em defesa dos seus objetivos originais e em defesa da própria Dilma, ameaçada por uma articulação golpista.
A carta atingiu em cheio  coração e mentes dos nossos leitores. Tanto que boa parte dos comentários foi na mesma linha: eu assino embaixo, é o que eu gostaria de ter dito, eu quero assinar, você me representa.
Muita gente quis saber se não havia como subscrever a carta. Chegou-se então à conclusão de que seria interessante colocar na “nuvem” da crise uma posição de apoio e cobrança da presidenta Dilma.
Daí nasceu a petição Por um aceno teu, que está aberta a adesões. Pode assinar, quem quiser.
O texto é o mesmo da carta de Scavone. Apenas o eu deu lugar ao nós.
Para quem quiser assinar, é só clicar aqui.
Como a Petição Pública não exibe uma lista de quem assinou, nós publicaremos os nomes. Atualizaremos a lista duas vezes por dia.
A Petição, porém, dá acesso aos comentários dos signatários.  Quem tiver curiosidade em ler os recados deixados para a presidenta Dilma, é só clicar aqui
 
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Por um aceno teu
Querida companheira Dilma:
Nós imaginamos como anda difícil sua vida aí no Planalto. Mas é possível que você não tenha ideia de como anda a nossa aqui na planície. Não, nós não falamos da carestia, do desemprego. Nós todos sabíamos que, quando o cobertor ficasse curto, a briga pela coberta ia ser feia. E eles, da elite, têm muita mais força que nós, apoiados pela grande mídia. Sabíamos, sim.
Nossa angústia aqui é outra. É ver que você tomou para si a bandeira da luta contra a corrupção e deixou todos eles, da elite, fulos de raiva. Eles não conseguem te associar à corrupção, por mais que façam. E olha que não fazem pouco. A martelação é todo dia, nos rádios, nas TVs, em todo canto. Chega a encher o saco.
Pois é. Mas esse é o problema. Nós estamos sentindo que você está achando que teu principal legado vai ser o combate à corrupção. “Duela a quién duela”. Daí que você não quer nem ver perto de você qualquer um que tenha respingos de Lava Jato. Tem razão, é complicado. Você chegou a se isolar por causa disso. E não fala com ninguém. “Meu governo não impedirá a apuração dos mal-feitos”, você tem repetido. E o teu ministro da Justiça segue nesse rumo.
O problema é que a justiça em nosso país tem olhos, ouvidos e enxerga bem demais por baixo daquele paninho nos olhos. Ela só apura o que interessa para seus patrões. Não, não, não estamos sendo exagerados. Ela só apura se for contra o PT. Com o resto, ela é complacente. Você, obviamente, já reparou isso.
Sabe aquele poema do Brecht, que a gente falava tanto nos nossos tempos de luta contra a ditadura? “Primeiro levaram os negros. Mas não me importei com isso. Eu não era negro…” Lembra? Pois é. A agressão está crescendo cada vez mais, já estão hostilizando nossos companheiros nos bares e restaurantes.
Agora, companheira Dilma, um Presidente da Câmara, que está enrolado até os cabelos com corrupção, está à frente para te pegar por – é incrível – improbidade administrativa! E conta com os votos de ministros do TCU, que também estão enrolados com malfeitos.
Mas você não está. Incrível! E vai ser impedida por causa de quê?
Porque a elite quer, porque eles não aturam mais os investimentos sociais que tiram deles margens de lucro. E já está claro que não adianta ter um Levy para amansar essa gente. Você sabe disso, nós não precisamos dizer. Veja o desespero deles, hipócritas, com a decisão do STF sobre financiamento de campanha.
Mas o que nós queríamos falar, que dói no nosso peito, é que não dá pra ficar calada, aí, no Planalto. Nós não ficamos calados no tempo da ditadura. Você foi à luta. E agora?
Você vai deixar teu ministro da Justiça quieto enquanto eles vão tomando os espaços, um a um, acusando todo mundo de corrupção como se fossem todos eles vestais da honestidade?
Vai deixar que o cobertor descubra os mais humildes?
Nós sabemos a hipocrisia da política. Basta olhar o tratamento dado ao Cunha. Ou ao Nardes. É estarrecedor.
Mas, companheira Dilma, não se deixe abater em pleno voo. Vá às massas. Mostre que teu compromisso é com quem precisa. Na dúvida, opte pelos oprimidos e radicalize a disputa para deixar claro o que está em jogo.
Se for para cair, caia atirando. Mas diga aos quatro ventos a que você veio, pra que tua vida serviu. Vá à batalha defendendo o que acreditas. Essa é nossa angústia. Ver você quieta, sendo torturada no Planalto calada, amortecida, como se aí dentro não batesse mais um coração tão valente. Você não imagina a quantidade de gente que espera por um aceno teu, para ir junto, e te ajudar a enfrentar o inferno atual.