Os crimes cometidos pelos agentes públicos, por exemplo, flagrantes
forjados, torturas, prisões arbitrárias e agressões de policias contra
cidadãos, que já são mostrados nas redes sociais, poderão também, agora,
ser denunciados por meio de uma nova ferramenta. Para facilitar a
autodefesa do cidadão fluminense contra a violência policial, a rede Meu
Rio, em parceria com movimentos sociais e moradores de favelas, vai
lançar no fim do mês a ferramenta #SemEsculacho.
“Será uma ferramenta voltada para o usuário do celular, mas que
também estará disponível na web”, disse Guilherme Pimentel, coordenador
do projeto. “Será basicamente o que a população já coloca nas redes
sociais, mas vamos qualificar essa participação. Queremos servir de
ponte para oficializar essa denúncia”, disse o integrante da rede de
mobilização. “A ferramenta também vai valorizar o policial, o guarda
municipal, enfim, o agente público, que preserva os direitos do
cidadão”, acrescentou.
Só em 2015, dezenas de denúncias de assassinatos e fraude processual
foram feitas contra policiais. Em novembro passado, cinco rapazes foram
mortos a tiros por policiais policiais militares. Eles estavam em um
carro quando foram metralhados. Os policiais ainda foram acusados de
forjar a cena do crime. http://agenciabrasil.ebc.com.br/node/987141
Na semana passada, oito policiais militares foram
presos suspeitos de torturar com faca e isqueiro, roubar, ameaçar e
humilhar quatro jovens entre 13 e 23 anos, em Santa Teresa, bairro da
região central da capital fluminense.
Em setembro, o adolescente Eduardo Felipe Santos Victor, de 17 anos,
seria apenas mais um bandido morto no Morro da Providência, centro do
Rio, após trocar tiros com policiais, não fosse a câmera de celular de
um morador ter flagrado um dos agentes colocando a arma na mão do jovem e dando dois tiros.
“O Sem Esculacho é um grupo de ação que conta com o apoio de um grupo
de voluntários para trabalhar essa questão. A ideia é divulgar a
ferramenta e, depois, pressionar e reivindicar, tomar medidas para
ajudar a resolver esse problema”, explicou Pimentel. Queremos
influenciar positivamente na construção de uma segurança publica que
valorize a vida. Precisamos sair dessa falsa ideia de que são casos
isolados”.
Criado em 2011, Meu Rio reúne cerca de 200 mil pessoas, na luta por
uma cidade inclusiva e sustentável, por meio da comunicação digital.
Futuramente a rede pretende organizar oficinas sobre o uso desse tipo de
ferramenta. “Estamos articulando saberes e autores que já trabalham com
isso, e estamos em um esforço para organizar esse conhecimento para
quem quiser se apropriar dele e melhorar sua atuação cidadã”.
É garantido o anonimato do autor das denúncias e vídeos. Todo o
material passará por uma triagem e será encaminhado ao Ministério
Público e autoridades competentes. Quem quiser se voluntariar na
construção da ferramenta pode se inscrever pelosite http://www.semesculacho.meurio.org.br/.