O caso do infiltrado do exército na manifestação contra golpe no
último dia 4 gerou uma série de perguntas cabíveis: De onde partiu a
ordem para Willian Botelho se infiltrar em um grupo de manifestantes e
organizações de esquerda para espioná-los e delatá-los? Existe uma
colaboração entre a Polícia Militar de São Paulo e o exército? Quantos
mais agentes infiltrados existem nos movimentos?
Willian Botelho, ou “Balta” como ficou conhecido, é um agente das
forças armadas que criou perfis falsos em aplicativos de celular e redes
sociais para passar informações que levaram à prisão de 21 jovens na
manifestação do último dia 4 em São Paulo. A justificativa para a prisão
dos manifestantes foram flagrantes forjados, como uma barra de ferro.
O agente das forças armadas não tinha em mente apenas os grupos de
manifestantes que conheceu nas redes sociais, Botelho passou meses
entregando informações privilegiadas da frente Povo Sem Medo e Brasil
Popular, que hoje reúnem alguns dos mais importantes movimentos sociais
do país, como o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), Mídia
Ninja, a CUT (Central Única dos Trabalhadores) e a UNE (União Nacional
dos Estudantes), além de reunir militantes do PSOL e PCdoB, e outras
organizações sociais.
O militar usava como estratégia mensagens privadas com militantes, em
relato, pelo menos 5 mulheres afirmaram que Botelho utilizava de
insinuações afetivas para se aproximar e obter informações de questões
estratégicas dos movimentos sociais.
Esse caso é um caso grave de infiltração, Botelho é um oficial do
exército e um especialista de contra insurgência. O militar criou uma
armadilha para levar um conjunto de pessoas a serem presas, ele não
foi apenas informante, mas sim um infiltrado que em manifestações cria
uma situação que possa levar a uma atitude mais violenta dos órgãos de
repressão do Estado. É o conhecido agente provocador.
Mesmo não resultando em uma ação bem sucedida, pois o objetivo era
obter informações para que a imprensa golpista pudesse usar como
argumento de terrorismo ou qualquer outra denúncia para desmoralizar o
movimento contra o golpe, na ditadura militar era feito essas mesmas
operações, em manifestações públicas havia um aparato extensivo da
polícia e de agentes a paisana do DOPS (Departamento de ordem politica e
social).
O que chama a atenção é que esse agente provocador não é da polícia
militar, mas sim das forças armadas. O que nos remete às afirmações da
esquerda pequeno burguesa, que tinham garantido que o golpe não era
militar mas apenas “parlamentar”, e claramente se enganaram. O
Exército ainda não explicou qual era o motivo da infiltração e com qual
autorização Willian Botelho agiu.
Pela falta das respostas das forças armadas o que podemos concluir é
que não havia autorização nenhuma, essa era uma operação clandestina,
uma operação dirigida diretamente pelos órgãos de segurança das forças
armadas. Isso mostra as possibilidades da situação política do Brasil
que a esquerda vai enfrentar. O país está sob um golpe de Estado e
ameaçado por militares que já estão de prontidão para agir caso
necessário.
causaoperaria.org.br