A operação “Mata Lula”, que é o sobrenome mais adequado à Lava Jato,
tem – ao contrário de seus agentes secundários, como o delegado Maurício
Moscardi Grillo, que, em entrevista à revista “Veja”, disse que a PF
havia “perdido o timing” para prender o ex-presidente – a preparação
certa do tempo para seu lance mais ousado. Desde que passou o primeiro
impacto da geleia geral que se formou com a lista de inquéritos
determinados por Luiz Edson Fachin, todo
o foco voltou-se para Lula e Dilma, com os videos dos depoimentos.
Retomou-se a delação premiada da OAS, bloqueada ano passado, quando não
fornecia o”filé do Guarujá” ansiado pelos rapazes de Curitiba, agora
com o script desejado. Tudo foi preparado para que, pouco antes ou pouco
após o depoimento de Lula, marcado para o dia 3, a pantomima atinja seu
ápice. E não com uma destas denúncias de dezenas de milhões numa
operação assim ou assado, mas em algo capaz de ser entendido e chocar o
povão: “Lula ganhou um apartamento”, muito embora só tenha lá estado
uma vez. Há, claro, outros fatores em jogo, a começar pelo resultado das
mobilizações contra a reforma da Previdência. As ações da Lava Jato
fazem parte da política e será a política quem fará o ajuste fino do
“timing” de Moro. Será feito em sintonia com Rodrigo Janot e,
possivelmente, com Michel Temer, com quem o juiz de Curitiba tem sido
especialmente solícito. Como disse ao início, iludam-se aqueles que
esperam ver nesta decisão alguma questão jurídica. Não é crível falar em
obstrução da Justiça por parte de Lula frente a eventuais testemunhas,
que poderiam ser influenciadas por ele. Ora, testemunhas que podem ser
influenciadas são aquelas que podem, por simples decisão de Moro, gramar
meses de cadeia ou que, por negociação com os promotores podem “abater
anos e anos das penas a que estão condenados se disserem exatamente o
que querem que seja dito. A prisão de Lula sempre foi uma possibilidade,
desde que Sérgio Moro se tornou o grande juiz da política. Hoje,
porém, tornou-se uma probabilidade. Se será ou não uma realidade, uma
aventura arriscada para impedir o que se desenha para 2018, ninguém
pode prever, quando se aceita entregar o futuro do país a um juiz de
província, movido a vaidade, a sonhos de grandeza cada vez menos ocultos
e a, quem sabe, à ideia de uma “juizocracia” como forma autoritária de
poder.
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Via Tijolaço ! e do Facebook Voni Machado
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