Veja o perfil de um dos organizações de um dos eventos que pedem o impeachment da Dilma


Chama-se Matheus Staufackar um dos organizadores do evento do dia 15 de março contra o governo em Natal.

Nascido em Araraquara (SP), formou-se em medicina pela UFRN no ano 2000. Depois fez residência em reumatologia na USP em Ribeirão Preto e mestrado em clínica médica pela mesma universidade.

Matheus é professor do curso de medicina da UnP.

Participa de um grupo no Facebook que tem o nome de Força Democrática RN e que afirmar ter, como missão,


Buscar e disseminar a conscientização política, discutindo a realidade nacional, visando o fortalecimento da democracia e da liberdade de expressão do povo brasileiro 


Esse grupo é um dos que está por trás do evento do dia 15 em Natal, ao lado do Movimento Brasil Livre RN, VermelhoNuncaMais, Instituto Unidos pelo Brasil, Frente Potiguar pela Liberdade, Indignação Brasil e Sindmed-RN.


Matheus enviou um convite para um conhecido grupo musical em Natal, convidando-o a tocar no evento: “acho que 20 min ou 30“. Recebeu um sonoro não, porque o grupo não apoia o movimento – aliás, estiveram com Dilma nas eleições.


A intenção do show é tornar o evento midiático:



surgiu a ideia de colocar algum palco e ver se conseguimos artistas locais para fazer apresentações curtas. Acho que 20 min ou 30. No sentido de manter o pessoal unido neste local e tornar o evento mais atrativo para as famílias. Queremos um movimento PACÍFICO, FAMÍLIA e MIDIÁTICO para ter boa repercussão.

E a apresentação seria de graça, só pelo antipetismo que, aliás, o grupo convidado não alimenta:



E sim, como o movimento é popular, não temos grana, tipo teria que ser pela ideologia anti-PT mesmo. Pela revolta contra a mentira e contra a corrupção. É o velho Rock and Roll, Funk, Ska na veia!! Rss

Recentemente uma publicação do professor Matheus chamou a atenção no Facebook. Nela, o professor ri de sua faxineira pelos problemas de linguagem de um recado que ela havia lhe deixado.


Tal manifestação de preconceito me fez pensar no que significa o conteúdo “família” com qual o professor Matheus descreve o evento do dia 15. Que família? A rica e elitista família que, do alto do seu preconceito, não se furta a humilhar os mais pobres e excluídos – como a sua faxineira? Faxineira, aliás, que representa a classe social, a parcela da sociedade brasileira, mais beneficiada pelos governos do PT.O professor diz que o movimento é “contra a mentira e a corrupção” – mas somente se a suposta corrupção for do PT, porque o movimento se abre aos supostos corruptos da política potiguar. E diz que é um movimento família.


Seria família porque reune em torno de si, como aconteceu na campanha, os representantes da classe política potiguar mais alinhados a esses interesses de classe, mesmo que sejam aqueles sobre quem pesam acusações, processos e suspeitas de corrupção?



Afinal, Dilma, contra quem não há nenhuma acusação formal, merece cair por suposta corrupção, mas não há problemas para o movimento receber o abraço de José Agripino, presidente nacional do DEM, contra quem o Procurador Geral da República pediu abertura de inquérito por ter recebido R$ 1 milhão do esquema da Sinal Fechado?Sinal Fechado que tem como ré a vice-prefeita Wilma de Faria (PSB), que estava abraçada a Agripino e Rogério Marinho (PSDB) na manifestação pelo candidato do PSDB na eleição do ano passado?



Aécio Neves, candidato do PSDB, que foi acusado pelo delator da Operação Lava Jato de ser um dos beneficiários do esquema de corrupção de Furnas no governo do PSDB?



Aécio, cujo aliado e sucessor Antonio Anastasia, também do PSDB, também está sendo investigado por corrupção na Lava Jato?PSDB que pagou R$ 100 mil a George Olímpio, réu e delator da Sinal Fechado – que tem Wilma como ré e Agripino como acusado -, na sexta-feira anterior à eleição em 2010?


PSDB que foi beneficiado por uma propina milionária na Refinaria de Abreu e Lima, investigada pela Operação Lava Jato, que, aliás, é a desculpa para derrubar Dilma por impeachment nos protestos do dia 15?

Pela revolta contra a corrupção e a mentira“.  Não consigo deixar de achar engraçado pensar em revolta, corrupção e mentira vendo esse grupo se organizando contra Dilma, mas se abrindo a receber o apoio de gente como o senador José Agripino, que já confirmou a presença. Não deixo de achar que há motivos não ditos e os motivos ditos do protesto são, em si, mentirosos – se fosse contra a mentira e a corrupção seria contra Wilma, Agripino, Ezequiel…


Fico meio confuso em entender a lógica de tal movimento no dia 15 diante de tamanhas contradições. Mesmo diante delas, os organizadores resolveram se manifestar em nota que dizia que políticos



serão benvindos (sic) no dia da manifestação, pois entendemos que todos eles, especialmente os membros da bancada federal do Rio Grande do Norte, devem ouvir e sentir o corpo a corpo com a população que pede a imediata deflagração do processo do impeachment da Presidente da República

(Mas não é essa a manifestação de cuja organização participa o professor Matheus que debochou dos “erros de português” de sua faxineira? Essa mesma organização que inventou a palavra “benvindos”?)

Por Daniel Dantas.

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