Essa será uma semana decisiva para o presidente da
Câmara afastado, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Depois de ser derrotado no
Conselho de Ética na semana passada e ver aprovado o relatório que pede a
sua cassação, o peemedebista anunciou que vai recorrer contra a
aprovação do documento. A apelação será julgada pela Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ). Na semana passada, o deputado que seria o
encarregado da relatoria do caso renunciou a seu posto. Elmar Nascimento
(DEM-BA) afirmou que se sentiria desconfortável de dar um parecer
contrário a um colega de partido, uma vez que o relator que recomendou a
cassação de Cunha no Conselho de Ética, Marcos Rogério (DEM-RO), é do
mesmo partido. Em seu lugar, o presidente da CCJ, Omar Serraglio
(PMDB-PR), cogita colocar Evandro Gussi (PV-SP). Apesar de opositores de
Cunha considerarem Gussi como aliado do presidente afastado, Serraglio
afirma procurar um nome “imparcial”, de alguém que não tenha ainda se
manifestado veementemente sobre o caso. Ele pode empossar Gussi na
quarta-feira (22). No mesmo dia, os 11 ministros do Supremo Tribunal
Federal (STF) decidirão se aceitam ou não a denúncia apresentada pela
Procuradoria Geral da República sobre as contas suíças atribuídas ao
peemedebista. A denúncia aponta apara evasão de divisas, corrupção
passiva e lavagem de dinheiro. O relator, Teori Zavascki, liberou o caso
para julgamento em plenário, o que significa que ele concluiu seu
parecer. Caso os ministros aceitem a denúncia, Eduardo Cunha passa a ser
réu em mais uma ação relacionada ao escândalo da Petrobras no STF. Na
denúncia ainda estão incluídos crimes de falsidade ideológica, e crime
eleitoral por omissão de rendimentos na prestação de contas de campanha.
[infografico ID] 1.1325816 [/infografico ID] Coletiva.
Para se posicionar frente a esses pontos, o deputado Eduardo Cunha
marcou uma coletiva com a imprensa hoje. O evento deve ser em um hotel,
já que o peemedebista tem evitado ir à Câmara para não se indispor com a
Justiça. Interlocutores dizem que Cunha já não é mais tão avesso à
ideia de renunciar à presidência da Casa para escapar da cassação. Não
se sabe, no entanto, se essa medida seria suficiente. Ele também
descarta, por enquanto, a hipótese de virar delator. (Com agências)
Governo Temer já articula troca de comando da Casa
A saída de Eduardo Cunha, pelo menos da presidência da Câmara (cargo
que ele ainda detém, apesar de afastado), já é dada como certa no meio
político. Tanto que o governo do presidente interino Michel Temer (PMDB)
já prepara os próximos passos. A ideia é tentar uma candidatura única à
presidência da Câmara, com o apoio do PSDB e do DEM. O PMDB de Cunha e
Temer defende que a presidência da Casa continue com o partido. O
argumento é de que a sigla é a maior da Casa e que o mandato, que iria
até fevereiro de 2017, pertenceria ao partido. Não há, no entanto, um
nome definido dentro do PMDB. Já no DEM, o nome de Pauderney Avelino
(AM), líder do partido, foi cogitado. O deputado Giacobo (PR-PR) é outro
nome cotado, uma vez que tem substituído o vice-presidente da Casa,
Waldir Maranhão (PP-MA), no comando das sessões. Maranhão assumiu a
presidência após o afastamento de Eduardo Cunha, mas uma jogada o deixou
totalmente isolado e sem apoio político. Pouco antes de o processo de
impeachment passar pela primeira votação no Senado, Maranhão anulou, com
um ato da presidência da Casa, a votação que tinha ocorrido na Câmara
de Deputados. A medida gerou revolta e foi anulada pelo próprio
parlamentar, menos de 24 horas depois. Maranhão também tem nas mãos uma
consulta à CCJ que pode beneficiar Cunha no processo de cassação. Ele
afirmou que retiraria o pedido. (LV com agências)
Trocas
Manobra. Já
de olho nos próximos passos sobre o processo de cassação de Cunha na
CCJ, partidos como o Solidariedade e o PTN já trocaram seus membros por
aliados de Cunha.